Alimentação vegetariana e vegana gera impacto na saúde dos brasileiros

A procura por estas dietas têm aumentado e especialistas advertem que mudanças no cardápio devem ser acompanhadas de orientação profissional

Ester Leite Silva

A pesquisa do IBOPE realizada em abril de 2018 informa que 14% dos brasileiros dizem ser vegetarianos e a maioria dos entrevistados tem interesse em produtos veganos. A preferência pela alimentação restrita trouxe na saúde dos jovens do Brasil.

O livro “Guia Alimentar Para a População Brasileira” do Ministério da Saúde explica que apesar da dieta vegetariana ser considerada saudável é preciso ajustar outros nutrientes dentro do regime. O livro orienta que quem se restringe à carne e derivados (podendo também excluir ovos, leite e procedentes) também precisa passar por acompanhamento nutricional ocasionalmente para complementar e substituir nutrientes.

Paula Rodrigues, nutricionista e especialista em obesidade e emagrecimento,  afirma que a alimentação vegetariana e a vegetariana restrita possuem objetivos diferentes. “No caso dos veganos, atingir a meta nutricional é mais difícil, sendo necessário suplementos pela insuficiência na dieta, já os ovo-lacto-vegetarianos, conseguem adquirir mais nutrientes pois consomem ovos, leite e seus derivados”, esclarece. 

Paula observou o crescimento do vegetarianismo em adolescentes, o que a preocupou, pois a fase de transição hormonal exige maior meta nutricional. Ela ainda orienta que uma alimentação balanceada necessita de “alimentos de proteínas de alto valor biológico PAVB (carne, peixes, ovos, leite, queijos etc.” A conclusão é que os ovo-lacto-vegetarianos têm a chance maior de atingirem a meta nutricional que os veganos têm apenas com a dieta.

A estudante Eduarda Rossa é vegana há 5 meses e tomou essa decisão pelo desejo de melhorar a  saúde física e mental, além de ser contra aos maus tratos animais.  Eduarda notou avanço no rendimento físico, foco nos estudos, e após essa mudança de dieta, pouco adoeceu. Mesmo sem necessidade, ela optou por acrescentar um suplemento dietético algumas vezes na semana. Eduarda conta que embora tenha se adaptado a este estilo de vida, sentiu-se deslocada na sua família e entre amigos por se deparar com piadas, porém diz ser respeitada na maioria das vezes.

Adna Souza também é estudante e segue uma dieta ovo-lacto-vegetariana há 4 anos. A mudança na alimentação inclui se abster de alimentos inflamatórios como o leite, ter uma qualidade de vida melhor e desenvolver o potencial de comunicação com Deus.

Adna menciona que tem mais disposição às atividades físicas, uma mente mais ativa e que sentiu uma diminuição de inchaço no corpo. Ela acredita que esses pontos foram acréscimos que proporcionaram crescimento de comunhão com Deus, que era seu objetivo inicial. A estudante faz uso de suplemento da vitamina B12, que embora exista na base da alimentação vegetal, não atinge o que é  preciso.

Alimentação restrita

A nutricionista adverte sobre os perigos de seguir com uma alimentação restrita, “existem riscos incluindo anemia ferropriva ou por deficiência de vitamina B12 (importante para a formação da hemoglobina). Além de deficiência de zinco e outras vitaminas do complexo B podem ser uma das consequências”, explica.

As estudantes também explicam que uma das maiores dificuldades que encontram são os lugares limitados para a refeição ou quando há opções, os custos são altos e injustos para um cardápio simples.

Uma pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento informou que o consumo da carne bovina em 2020 caiu 5% em relação a 2019. Isso significa 29,3 quilos por habitante, o que ainda é um valor alto .A pesquisa da Conab informa também que a diminuição do consumo de carnes é sustentável, uma vez que diminui as emissões de gases do efeito estufa.

O livro do Ministério da Saúde exemplifica que reduzir o consumo da carne também é reduzir o desmatamento, o uso da água, pois todo o sistema é afetado com gastos e custos com a produção animal.

 

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