Feira Internacional de Ciência e Engenharia selecionou o carioca para apresentar projeto no evento mundial.
Paula Orling
Vinícius de Moraes, de 18 anos, se classificou para a Feira Internacional de Ciência e Engenharia ( Regeneron ISEF), o maior evento do mundo para a área, organizado pela Society for Science e pela Regeneron. O estudante carioca do terceiro ano do ensino médio garantiu a classificação com um protótipo para reduzir os efeitos humanos sobre o Planeta Terra. O evento vai acontecer entre os dias 8 e 13 de maio de 2022, nos Estados Unidos, na cidade de Atlanta, Georgia.
A Society for Science é uma organização que visa promover a ajuda à população por meio de projetos científicos. A Diretora de Programa da Society for Science, Michele Glidden, esclarece que “durante cada ISEF, a Sociedade busca identificar os melhores cientistas e engenheiros de amanhã”.
Mais de quatro mil projetos foram submetidos para a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), a maior feira da América Latina. Destes, 420 foram aprovados e o de Moraes foi classificado entre os nove melhores. O estudante foi um dos escolhidos para representar o Brasil na competição mundial. A respeito da participação dos brasileiros nas feiras, a chefe de comunicação da organização, Gayle Kansagor, explica que “o Brasil tem um forte envolvimento na ISEF”.
O projeto do aluno tem o objetivo de substituir relógios de bateria por produtos ecologicamente corretos. A tecnologia fornece energia para os relógios de pulso a partir da diferença de temperatura entre o objeto e o corpo do usuário. O estudante chamou o produto de “seebeck-watch”.
Ainda não foi divulgado o número de projetos aprovados para a edição no ano que vem, já que existe uma segunda mostra de projetos antes da competição mundial. A feira de 2021 contou com a representação de 89 países e 1,5 mil projetos científicos.
Apesar de não receber muito apoio quando começou a se envolver com a ciência, Vinícius insistiu muito com os pais até que o colocassem no colégio particular em que estuda hoje, por meio de uma bolsa de estudos. Na nova escola, teve contato mais profundo com a ciência. “Eu tinha muito prazer em estar estudando ciência e surgiu essa oportunidade em metodologia científica”, compartilha.
A partir do envolvimento, Moraes passou a se envolver com a pesquisa. “Se eu precisava de uma desculpa para começar a desenvolver meu lado científico, e vai ter que valer para a nota da escola, eu tenho uma desculpa para a minha família, para poder começar meu projeto científico”, comemora. Entre abril e maio de 2020, o estudante contou para a família que não seguiria a carreira militar.
Muitos membros da família do aluno seguiram carreira militar e Fábio Botelho de Moraes, pai de Vinícius, resistia à decisão do filho. “Devido à situação econômica do país e às poucas oportunidades acadêmicas, acreditávamos que a carreira militar seria a melhor opção para o Vinícius, mas, hoje, o apoiamos integralmente”, confirma em entrevista à CNN.
Em sua busca científica, o aluno foi auxiliado por seu professor de metodologia científica, Michael Douglas. “Nem sempre é fácil, mas é importante darmos diferentes opções aos alunos para que estes possam conhecer e experimentar diferentes possibilidades e áreas do conhecimento respeitando suas individualidades, para que possam construir suas experiências e estruturar seus caminhos”, opina.
O professor que ajudou a criar o “seebeck-watch” se alegra ao realizar sonhos através de seus alunos. “Foi assim, principalmente, com o Vinícius, que sonhou os meus sonhos em toda a sua integridade, com suas participações na FEBRACE, MOSTRATEC, Genius, Milset, e agora com sua credencial para a ISEF”, publicou em sua rede social.
Como forma de não poluir ainda mais o meio ambiente, Moraes procurou desenvolver um projeto que reduzisse o descarte de pilhas, já que representam 1% da poluição mundial. O aluno explica que o seu projeto “é o desenvolvimento de um método nanotecnológico para a construção de sistemas para relógios de pulso, através da diferença de temperatura”.
Ao se envolver com a ciência nacional e internacional, o estudante conseguiu alcançar o cargo de diretor nacional do departamento CS Explore da Climate Science, uma ONG que tem por objetivo trazer soluções climáticas. “A principal dificuldade é trazer a solução correta e também viável para o ser humano”, explica. A ONG conta com mais de 1000 voluntários em todo o Brasil, envolvidos na pesquisa.
Vinícius descreve que sua vida mudou drasticamente quando decidiu ingressar no mundo da ciência e participar dos núcleos tecnológicos. “A minha vida, atualmente, é fazer ciência. A gente falava: é impossível chegar lá, mas está sendo um sonho materializado”, discorre. O estudante ainda afirma que pretende continuar pesquisando nos próximos anos.