Lia Costa
Tente imaginar uma vovózona negra, com cabelos bem penteados, usando um vestido branco longo e salto alto dedilhando uma guitarra enquanto cantava e dava passinhos para lá e para cá. Essa era Rosetta Tharpe, a mulher negra que inventou o rock ‘n roll. A história de Rosetta Tharpe é um lembrete em potencial sobre o papel desconhecido da mulher negra na história Americana.
Era 20 de março, 1915. Vinte anos antes de Elvis Presley e uma década antes de Chuck Berry. Nascia Rosie Etta Atkins em Cotton Plant, Arkansas (EUA), a estrela mãe do rock n roll. A garota era incontestavelmente um gênio, tocava melhor que todos e antes de todos os astros de blues, jazz e rock conhecidos. “Ela realmente merece ser conhecida como Chuck Berry e Ray Charles, e ela foi uma inspiração clara para Elvis e até mesmo Jimi Hendrix”, afirma o dramaturgo roteirista do musical Marie and Rosetta, George Brant. Na verdade, foi ela quem inventou esse ritmo e, por incrível que pareça, com raiz gospel.
2. Cantam as músicas dela por aí
No ano de 1944 ela gravou a música “Strange Things Happening Every Day” (coisas estranhas acontecendo todos os dias, em tradução livre) que é considerada a primeira gravação de rock n’ roll de toda a história. Etta James regravou a canção em 1960 e Jhonny Cash em 1979. Dos anos 40 aos 60 ela foi a artista mais distintiva do rádio e televisão. Sua música se tornou popular nos EUA nos anos 40, quase 20 anos antes do surgimento oficial do Rock.
3. Empoderamento feminino
A guitarra era um instrumento “masculino”, mas a Sister inventou um novo vocabulário de performance do qual muitos homens copiaram. “Afro-americana viajando pelo sul, sozinha durante os anos 40 aguentando todo o racismo e as dificuldades que isso implicava”, reflete Brant. Para ele a história de Tharpe é triste, pois falta muito reconhecimento da rainha negra por trás dos reis do rock brancos.
4. História perdida no tempo
Gayle Wald é autora da biografia “Grite, Irmã, Grite!: A história não contada da pioneira do rock n roll Sister Rosetta Tharpe” (em tradução livre), e assim como Brant, Gayle descobriu Rosetta através de vídeos. Ela trabalhou no livro por sete anos. “Foi uma corrida contra o tempo pra mim, porque muitas pessoas que conheciam ou trabalhavam com Rosetta eram idosas”, lembra. Ela teve de se debruçar sobre as gravações e histórias orais sobre Tharpe, pois os arquivos escritos eram muito escassos.
5. O rock começou na igreja
O que mais chama atenção de Gayle na história de Rosetta é a habilidade dela em desafiar as normas da sua época, mesmo que isso tenha a feito impopular. Rosetta conseguia agradar “gregos e troianos” por ser um ritmo nunca antes ouvido, o bom rock n roll com letras religiosas. No entanto para a comunidade cristã os concertos em night clubs eram um escândalo.
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