Egito divulgou a descoberta de mais de 400 peças arqueológicas que datam de 500 a.C.
Paula Orling
O Egito divulgou a descoberta de 250 sarcófagos e 150 estátuas de bronze de mais de 2500 anos, na última segunda-feira (30). Uma recente escavação na necrópole de Saqqara revelou detalhes bem preservados das peças, como as pinturas originais e entalhes precisos. Os sarcófagos estarão expostos no Grande Museu Egípcio até o final do ano, de acordo com as previsões.
Diante da novidade, representantes do Cairo esperam que as novas descobertas voltem a movimentar o turismo no país, afetado pela pandemia de covid-19.
Dentre os achados, estão estátuas que representam alguns dos importantes deuses do panteão egípcio, como Anúbis, Ísis, Osíris, Amon, Min, Bastet, Hahor e Nefertum. Além das figuras em bronze das divindades, os arqueólogos também encontraram múmias, estátuas de madeira das deusas Néftis e Ísis com as faces douradas de um período anterior, caixas de madeira, cosméticos, adornos, amuletos e uma estátua sem cabeça do arquiteto Imhotep, de acordo com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.
Esta última descoberta amplia o conhecimento que se tem a respeito de Imhotep, uma figura histórica que foi responsável pela construção da principal pirâmide de Saqqara, a pirâmide escalonada de Djoser. A construção, que data 2.700 anos antes da Era Cristã, hoje faz parte da lista do patrimônio mundial da Unesco.
Além destes artefatos, os pesquisadores também encontraram uma coleção de recipientes de bronze usados para a adoração da deusa Ísis e um sistro — instrumento musical de percussão também usado nos rituais em honra à deusa – que amplia os conhecimentos arqueológicos a respeito da adoração da deusa.
No que tange à escrita egípcia, foi encontrado um papiro com hieróglifos bem preservados, que foi enviado para o laboratório do museu egípcio da praça Tahir, no Cairo, para passar por análises. O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades, Mostafa Waziri, explicou que o texto pode fazer parte do Livro dos Mortos, uma coleção de versos que era colocada na tumba junto com o corpo embalsamado e mumificado, com o objetivo de proteger o falecido no caminho até o Mundo dos Mortos.
O complexo de Saqqara é fonte de recursos arqueológicos há décadas e a expedição que encontrou estes artefatos começou em 2018. O complexo fica ao sul do Cairo, capital do país, e a 15 quilômetros das famosas Pirâmides de Gizé. A necrópole é a mais importante da região de Mênfis, antiga capital do Egito, e se localiza à oeste da cidade.
Em Saqqara, encontram-se artefatos desde a primeira dinastia egípcia e, além da Pirâmide Escalonada de Djoser, considerada a primeira pirâmide do mundo, o complexo conta com outras pequenas pirâmides, tumbas de nobres e governantes, como as de Mereruka, Kagemni, Ankhmahor, Idut e Ti.