Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado
Além do arroz, outros alimentos tiveram seu valor aumentado, gerando impacto na mesa dos brasileiros
Victória Oliveira
Fazer compras no supermercado não é mais como antigamente. Antes, com R$ 100 você conseguia encher o carrinho. Esse ano o preço dos alimentos da cesta básica passou a ter um aumento significativo. O consumidor viu o preço do arroz crescer, resultando em um crescimento de 19,25%. Mas não foi só o arroz que subiu, diversos alimentos tiveram grande aumento. O preço do feijão, do óleo de soja, do leite e das carnes também obtiveram um acréscimo e o alimento que mais subiu foi o limão, com 42,2%. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento dos alimentos no Brasil chegou a marca de 2,44% ao ano.
Mesmo o arroz não sendo um dos alimentos com maior aumento, foi ele quem mais gerou inquietação nos consumidores, pois é um dos principais ingredientes no prato dos brasileiros. Em alguns supermercados ao redor do país, o arroz chegou a custar em média R$ 39, sendo que antes desse crescimento ele custava em média R$ 15.
Toda a população ficou em alerta com o aumento gradativo e cada vez maior no preço dos alimentos, entretanto, é nas camadas da sociedade que possuem menor renda que a mudança é sentida de verdade. Sílvia Araújo, dona de casa, sofreu diretamente o impacto dessa mudança. Ela relata que se sentiu prejudicada com os preços lá em cima. “Senti que com o aumento dos alimentos e o salário mínimo não tendo um bom ajuste, certamente as dificuldades iriam surgir”, enfatiza a dona de casa. Além de abrir mão de certas coisas na hora das compras, Sílvia passou a comprar somente o indispensável.
Motivos do aumento
A inflação é caracterizada pelo aumento no preço dos produtos, e seu principal indicador no Brasil é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). É a partir desse índice que o cálculo é feito com base em uma cesta de itens dentro do orçamento de um brasileiro médio. Apesar do aumento acelerado nos preços dos alimentos durante a pandemia, esse medidor pode sofrer um impacto limitado, sendo que o gênero alimentício é apenas um item de uma lista de gastos que compõem o IPCA.
A Economista e Mestre em Administração, Nilza Aparecida dos Santos, afirma que com o aumento da inflação, altos riscos podem ocorrer. “A inflação diminui o poder aquisitivo dos consumidores em geral, mas afeta principalmente a população de baixa renda, porque são as que têm menos formas de se proteger da inflação”, declara a economista.
Muitos questionam o porquê desse valor tão elevado nos alimentos, e alguns até associam isso à pandemia da Covid-19. Esses números não estão ligados diretamente à pandemia, eles estão relacionados a outros fatores. Como a alta do dólar, o acréscimo na demanda internacional e a redução da oferta pelo aumento das exportações. Além desses, outros motivos também contribuíram para esse cenário na economia brasileira.
Além do aumento no preço dos alimentos, a inflação alta pode gerar desvalorização da moeda. O câmbio é uma das variáveis que mais impactam o resultado econômico de uma nação. “Uma economia em desenvolvimento como a brasileira precisa manter seu câmbio desvalorizado para permitir que sua economia se desenvolva”, esclarece o Economista e Sócio Fundador da Ekonos Consultig, Willian Tavares.
Apesar disso, a taxa elevada do câmbio que encarece matérias-primas importadas, e a liberação do auxílio emergencial que possibilitou um aumento da demanda de alimentos básicos, são fatores que implicam para os preços estarem tão caros.