Brasil é o segundo país mais viciado em internet no mundo

De acordo com o Relatório Digital 2019, uma pessoa passa em média mais de um quarto da vida online. Este número é ainda maior entre os brasileiros

Monise Almeida 

O vício na internet faz parte da realidade de muitos brasileiros.  A média mundial de tempo online é 6 horas e 42min, no Brasil, segundo país mais viciado em internet do mundo, elas passa para 9 horas 29 minutos. De acordo com o relatório da Digital 2019,  nosso país fica atrás apenas das Filipinas, onde a média diária é de 10 horas e 02 minutos, enquanto o Japão aparece em último lugar, com apenas 3 horas e 45 minutos. Fazendo um cálculo de longo prazo, os brasileiros passariam pouco mais de 142 dias do ano online, todos os anos. Isso representa pouco mais de 39% de todos os anos das nossas vidas.

Os problemas relacionados ao auto-controle na internet têm ocasionado transtornos e a dependência de seus usuários. Cristina Brito Beuer, psicoterapeuta, adverte sobre os sintomas que podem ser desenvolvidos. “O medo de ficar incomunicável ou desconectado é o que caracteriza esse transtorno, a doença desencadeia taquicardia, falta de ar, suores frios e dores de cabeça”. Beuer explica também que esses e outros sintomas são ocasionados não só pela falta ou a impossibilidade do uso, mas também pelo excesso dele.

O mau uso da internet

Os impactos da era digital facilitaram uma comunicação instantânea, promoveram diálogos com relações exteriores e revolucionaram o mercado financeiro, mas o excesso influencia diretamente na saúde das pessoas. Conforme a pesquisa realizada pelo Instituto YouGov para o Departamento de Telefonia dos Correios britânicos,  a nomofobia é uma fobia caracterizada por medo, aflição e angústia de não ter acesso à comunicação através do celular ou computador.

Kaliny Vancetto de 17 anos  enfrenta esse problema. A jovem confessa ser viciada e chega a passar mais de 15 horas conectada. Ela comenta as principais consequências do transtorno. “Sinto desconforto depois de passar horas no celular, e já não me lembro de quando fiquei sem me conectar. A ansiedade vem depois seguida de falta de ar e tontura”. Kaliny lamenta que acaba deixando de fazer as atividades do colégio e a vontade de sair com os amigos também desaparece.

Esse problema tem se tornado cada vez mais comum entre os jovens. A Universidade Federal do Espírito Santo fez um levantamento com mais de 2 mil adolescentes e mostrou que 25,3% são dependentes moderados ou graves de internet. Clayton Alves, hoje com 24 anos, também passou por problemas com a internet na adolescência, e hoje sofre com as consequências do vício, entre elas, a dificuldade de socializar com outras pessoas. 

“A minha rotina era acordar cedo e já ir para o computador jogar. Nos domingos e sábados, por não ter aula, passava o tempo inteiro online. Eu me lembro uma vez que passei 2 dias inteiros conectado, sem dormir. O que mais me chateava, era quando eu estava em algum lugar no meio das pessoas e travava,  não conseguia mais nem me comunicar”, relatou ele.

Enfrentando o vício

Existem tratamentos que envolvem remédios e psicoterapia para diminuir o uso de internet. É o que afirma o psicólogo e professor Breno Rosostolato. “Resgate o contato com o outro que não deve ser substituído pela máquina. Restituir as identificações sociais é uma maneira de reconstruir o afeto do sujeito, dando-lhe condições de se libertar dessa dependência”, aconselhou Breno.

Segundo um estudo da Universidade La Salle nos Estados Unidos, 50 milhões de pessoas sofrem desses problemas no mundo. No Brasil, os dependentes da internet chegam a 4,3 milhões e, conforme a pesquisa, os números só tendem a crescer devido ao desenvolvimento de novas tecnologias.

 

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