Em 2010, 64,5% da população tinha acesso ao saneamento básico de acordo com o censo.
Maria Eduarda Tomaz
75,7% dos brasileiros têm acesso ao saneamento básico atualmente, o que mostra um aumento em relação a 2010, de acordo com os dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento considera que os métodos de saneamento feitos pelo Plansab são adequados para a situação sanitária do país.
Conforme especialistas, maiores aplicações de recursos públicos, o ganho de renda da população e o aumento dos investimentos privados, impulsionam esses avanços. Sob outra perspectiva, a estatística ainda está longe das metas do Marco do Saneamento, aprovado em 2020, como apontou Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, em entrevista para o Correio Braziliense.
Por esse motivo, 24,3% dos brasileiros vivem em residências sem estruturas de saneamento. E a maioria dessas pessoas utilizam fossas rudimentares e buracos.
O Norte é a região com o menor percentual de saneamento do país, somente 46,4% das pessoas têm acesso corretamente. As cidades de Rondônia, Maranhão e Pará possuem o pior cenário de saneamento, de acordo com o censo de 2022.
O censo revelou ainda que pessoas de cor ou raça preta, parda e indígena obtiveram proporções menores de acesso ao saneamento básico, o que explica a situação do Norte do que apresenta os maiores percentuais de pessoas pardas do país (73,4%).
O analista Bruno Perez diz que, “entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo de 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo”.
A região sudeste foi a que apresentou maior porcentagem da população em domicílios com coleta de esgoto (86,2%), e o estado em destaque é São Paulo com (90,8%), segundo Agência IBGE Notícias.
Mesmo com um saneamento básico bom, a região sudeste enfrenta desafios em sua rede sanitária. Um exemplo desta situação é Mário Pimenta, que mora em Teresópolis(RJ). Sua casa está localizada em uma área mais afastada da cidade em que ele mora. Ele diz que o sistema de fossa não atrapalha a rotina da casa, mas o uso dela causa problemas na saúde.“A falta de saneamento tem um preço alto na saúde pública”, diz.
Segundo Bruno, a presença da rede de esgoto está relacionada ao total de habitantes de cada município, e que há uma tendência de municípios com mais de 500.000 habitantes terem rede de esgoto mais desenvolvida. “Isso ocorre, em parte, devido à dificuldade de implementação do serviço em locais com menor densidade populacional, sendo necessária uma rede mais extensa para chegar ao mesmo número de pessoas de um município maior”, completa.
O presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura (IBEJI), Augusto Neves Dal Pozzo, diz em entrevista para Correio Braziliense: “Precisamos enfrentar o problema do acesso ao saneamento básico com coragem e urgência. Sem isso, a população mais pobre e carente não tem seus direitos básicos, garantidos pela Constituição, respeitados.”