Biólogo expõe como a utilização de glitter e purpurina pode representar uma ameaça ao meio ambiente
Kelyse Rodrigues
O gliter e a purpurina estiveram em pauta principalmente na época das festas carnavalescas. Dessa vez, o que esteve em alta não foram as roupas e maquiagem. O debate começou após as pessoas saberem que esses “inofensivos adereços” podem afetar de maneira negativa o meio ambiente. A quantidade de plástico jogada nos oceanos todos os anos soma 8 milhões de toneladas todos os anos. Apesar de os micros plásticos parecem pequenos demais para representar uma ameaça, basta juntar tudo o que é utilizado em um só lugar para o problema se tornar visível. Como o tema da sustentabilidade é sempre relevante, a repórter Kelyse Rodrigues conversou com o biólogo Matheus Felício. Ele esclarece alguns pontos sobre o tema e fala das alternativas para quem não abre mão de um brilho.
Agência Brasileira de Jornalismo (ABJ): O que são os microplásticos?
Matheus Felício: O plástico é um dos maiores poluidores dos oceanos, perdendo somente para os dejetos da indústria animal. Porém, somente nos preocupamos quando conseguimos ver a olho nu a quantidade massiva de lixos (em sua maioria, plástico) nas praias, mas e partículas que não somos capazes de enxergar? Estas são chamadas de “microplásticos” e ingeridas pela fauna marinha perturbando a cadeia alimentar aquática como os plânctons, por exemplo, que são a base importante para a manutenção saudável deste bioma.
ABJ: Quais são os efeitos negativos da ingestão dos microplásticos?
MF: Estudos mostram que quando ingeridos, os microplásticos podem afetar o crescimento destes seres colocando em risco seu número populacional, resultando em uma catástrofe marinha sem precedentes. Lógico que uma soma de fatores fazem com que os mares estejam ameaçados. A grande utilização deste material principalmente nos carnavais é uma potente soma nesta equação desastrosa.
ABJ: Por que os animais marinhos ingerem esses microplásticos?
MF: Há espécies marinhas como as ostras, por exemplo, que os ingerem ao se alimentarem por filtração da água, mas existem aquelas que assimilam o microplástico por meio da ingestão de presas contaminadas, ou até mesmo confundindo-os com alimento. Já os caranguejos, por exemplo, os inspiram por meio das brânquias e os ingerem pela boca, como os peixes. Então devemos repensar para ontem a utilização deste produto, uma vez que por serem pequenos demais para enxergarmos a olho nu, só vamos nos dar conta do real problema dos microplásticos nos oceanos quando for tarde demais.
ABJ: Existe uma estimativa da quantidade nos oceanos desses microplásticos?
MF: Pesquisadores estimaram que em 2014 cerca de 5,25 trilhões de peças de plástico, pesando quase 270 mil toneladas, estavam à deriva em mares em todo o mundo e os microplásticos, em particular, representavam 92,4% desses resíduos flutuantes, ou seja, precisamos rever nossos hábitos antes que o brilho dos oceanos se torne um puro glitter sem vida.
Há uma opção biodegradável à utilização do Glitter e purpurina? Como funciona?
Hoje já tem a opção biodegradável, mas raramente é encontrada com facilidade e a grande maioria ainda são produtos derivados de placas de PET ou PVC que são metalizadas com alumínio, e por serem extremamente pequenas, estas partículas de glitter não são filtradas pelo sistema de tratamento de esgoto, indo diretamente para os rios e mares.
Créditos das imagens:
Matheus Felício
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