Durante a pandemia, o consumo contínuo de equipamentos eletrônicos, além da escassez de matéria prima, é responsável pelo aumento da produção e gera crescimento dos custos dos mesmos.
Paula Orling
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Business Intelligence – grupo que oferece apoio a grandes empresas por meio da captação de dados adquiridos de um sistema operacional – da empresa Zoom, o aumento do consumo de aparelhos eletrônicos, entre outros fatores, colocou em alta o valor de mercado de celulares, computadores e outros equipamentos eletrônicos.
Esta pesquisa foi realizada entre fevereiro e junho de 2020 e atribui à realidade pandêmica o aumento da utilização das tecnologias em todo o mundo, fator que contribuiu para o aumento de mais de 30% nos valores de alguns tipos de eletrônicos. Deste modo, a produção dos equipamentos subiu em semelhante escala e gerou escassez de matéria prima, segundo Rubens Bergamo, doutor em física estatística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
É perceptível que, desde a Revolução Industrial, a população ocidental se mostra, em grande parte, favorável ao capitalismo econômico, o qual reflete o desejo por melhorias tecnológicas constantes. No contexto de alta produção de equipamentos eletrônicos, os componentes específicos para cada produto são indispensáveis e sua escassez traz grandes prejuízos ao mercado financeiro.
Sobre essa escassez na indústria eletrônica, Rodrigo Ferrari, engenheiro de computação pela UFSCar, afirma que “essa indústria faz a sua fabricação com recursos limitados, portanto, eventualmente, a escassez pode ser um problema”, destacando uma preocupação geral para os idealizadores dos equipamentos e o prejuízo para os fabricantes.
Dentre os elementos usados para a produção de eletrônicos está o silício, que Ferrari descreve como “essencial na indústria microeletrônica na tecnologia atual” e continua explicando que suas características químicas deste elemento permitiram “a criação de dos transistores – que são as células básicas de todos os computadores, celulares e muitos outros equipamentos eletrônicos”.
Diante da problemática que a falta do silício representa, Rubens Bergamo define que a falta de silício disponível para produção de equipamentos tecnológicos é responsável pelo “aumento considerável no valor dos eletrônicos”. Além disso, Bergamo ainda incentiva a compra de equipamentos no presente e declara que os valores de computadores, smartphones e outros produtos digitais vão aumentar ainda mais nos próximos anos, já que matérias primas, assim como o silício, vão existir em menor quantidade do que a demanda necessária para a fabricação dos mesmos.
Além do aumento do consumo de equipamentos eletrônicos por pessoas físicas, existem sistemas operacionais programados para a aquisição de materiais como placas eletrônicas, as quais usam elementos como o silício, para fins lucrativos. Assim, o Dr. Bergamo afirma que o mercado de criptomoedas exige a utilização dessas placas para a mineração mais veloz das moedas digitais. “Existem computadores programados para comprar assim que a placa chega ao mercado” e continua mostrando a dificuldade de pessoas físicas adquirirem essa tecnologia, que geralmente é destinada a melhoria de equipamentos para gamers.