Conheça a história do surgimento e da prática da comemoração do amor ao redor do mundo.
Paula Orling
O Dia dos Namorados é, com certeza, o dia mais romântico do mundo. Flores, chocolates, cartões e ursos de pelúcia mostram que o “amor está no ar”. A data é celebrada no Brasil no dia 12 de junho. Contudo, na maioria dos países, o dia para esta comemoração é 14 de fevereiro, no Valentine’s Day (Dia de São Valentin).
Seja celebrado como festa religiosa, a cultura de cavaleiros e donzelas ou giro econômico, o Dia dos Namorados movimenta as sociedades ao redor do mundo e traz símbolos vermelhos e presentes.
A ideia de criar um dia para celebrar o amor surgiu quando, no século 5, o Imperador Cláudio II proibiu que os jovens se casassem, porque considerava os solteiros, soldados melhores. Contudo, a tradição conta que São Patrício, um padre do início da Idade Média, não concordou com o decreto do governante e que ajudava os jovens a se casarem escondidos. Assim, o santo passou a ser considerado o “santo do amor” e o seu dia passou a ser celebrado pelos jovens apaixonados. Mas, quando foi descoberto, Valentim foi preso e condenado à morte pelo Imperador.
A celebração teve início em uma transformação comum no princípio da Igreja Católica: a sacralização cristã de festas pagãs. Ou seja, transformar em tradição da Igreja uma comemoração antes destinada a um deus que não o servido pelos cristãos. Neste caso, o festival se chamava Lupercalia, acontecia no meio de fevereiro e durava três dias. Nesta ocasião, a festa marcava o início da primavera e celebrava a fertilidade, em que se adorava aos deuses Juno e Fauno.
Apesar da Inglaterra ser responsável por ligar São Valentim aos namorados, nem todos os países o avaliam da mesma forma. Enquanto a Grécia o considera um bom padre que morreu como mártir, a Eslovênia o chama de padroeiro dos apicultores.
No Brasil, São Valentim nunca foi muito popular — seja porque compete com o famoso casamenteiro Santo Antônio ou porque seu dia, em fevereiro, compete com o Carnaval.
Porém, existe uma grande diferença entre a comemoração fora e no Brasil. Enquanto nacionalmente o dia é destinado aos amores românticos, no exterior, a data é celebrada por qualquer que ame, seja um parceiro, membro da família ou amigo.
Contudo, no Brasil, a origem da comemoração é muito menos romântica. Com o objetivo de aumentar o número de vendas em julho, que sempre eram fracas, o publicitário João Dória, pai do político João Dória Júnior, sugeriu a comercialização da data. Tendo como base o Dia das Mães, o dia 12 foi escolhido por vir antes do dia de Santo Antônio, conhecido no Brasil como “santo casamenteiro”.
Ao impulsionar a data e a si mesmo, Dória criou a primeira propaganda de Dia dos Namorados, que foi considerada pela Associação Paulista de Propaganda. O slogan dizia: “Não é só com beijos que se prova o amor!”.
Existem outros países além dos americanos e europeus que separam um dia para celebrar o amor. Israel, por exemplo, comemora o Tu B’Av, que é descrito no Talmud — livro sagrado para os judeus.
O primeiro registro dessa comemoração está em uma obra do rabino Judá HaNasi, um escritor da literatura tradicional da nação, chamada Mishná. O escritor explica que os cidadãos israelenses só poderiam se casar com alguém da mesma tribo (divisão social deste povo). Contudo, no dia 15 de Av (mês do calendário judaico), em que atualmente se comemora o Tu B’Av, os jovens teriam autorização para procurarem parceiros em outras tribos. Por isso, este dia seria uma grande agitação no mundo dos relacionamentos.
Outro aspecto da comemoração seria uma antiga tradição dos povos antigos de comemorar a colheita. Em Israel, as moças solteiras saíam da cidade vestidas de branco para comemorar a colheita das uvas, enquanto dançavam nas vinhas. Ali, cada homem solteiro tinha a oportunidade de conhecer uma jovem que se tornaria sua esposa.
Seja qual for a origem da celebração, a data é importante para os israelenses até a atualidade. O Tu B’Av ainda é um dia para pedidos de casamento, cerimônias matrimoniais e renovação de votos. Até o Google participou da celebração em 2014, criando um Doodle com a imagem de um coração.
Na China, o dia para celebrar o romance é conhecido como Qing Rén Jié, também chamado de Qixi, “o dia dos amantes”. A celebração não cai na mesma data todos os anos, mas sempre acontece no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar.
A origem desta comemoração é conhecida em duas versões diferentes. Em ambas, Niu Lang e Zhi Nu são separados pelos pais da moça que são deuses (em uma versão, o pai de Zhi Nu os separa e em outra, a mãe).
Na primeira versão, seres semelhantes a fadas ajudam o casal a se encontrar uma vez no ano. Na outra história, a mãe deusa fica com pena dos namorados e permite que eles se encontrem uma vez por ano. Seja qual for a tradição original da data, o importante é que o casal sempre se encontrava no dia sete do sétimo mês e, por isso, este dia é destinado aos apaixonados. Na data, é importante para os chineses reafirmar seus votos. Na sua língua, é assim que dizem “eu amo você”: 我愛你.