Parques temáticos passam a representar pretos em decorações natalinas pela primeira vez em mais de seis décadas.
Paula Orling
Os parques da Walt Disney World passarão a exibir papais noéis negros nas próximas celebrações de Natal. A escolha dos personagens tem o objetivo de representar todas as etnias que frequentam os parques do complexo. A aparição dos papais noéis negros vai acontecer pela primeira vez em 66 anos, nas comemorações de 2021.
Sem anúncios formais, a rede de parque de diversão dos Estados Unidos optou por novas representações do Natal. Além dos papais noéis negros, outras etnias estão sendo incluídas nos parques e um curso online chamado “Santa Bootcamp” é oferecido para os velhinhos com diferentes aparências.
Os parques que adotaram a utilização dos papais noéis negros foram os de Anaheim, na Califórnia e a sede em Lake Buena Vista, Flórida. O porta-voz da Disney, em entrevista à CNN Internacional, explica que um parque de diversão da empresa deve ser o último lugar em que crianças não encontrariam um Papai Noel que se parece com elas.
Para a influenciadora digital do parque, Victoria Wade, que é preta, ver a representatividade preta em um parque temático é muito relevante. “Nunca na vida eu pensei que a Disney realmente colocaria um Papai Noel negro nos parques”, admite. Victoria ainda afirma que se sentiu representada e que essa mudança é muito importante para que todos se sintam bem-vindos.
A participação de papais noéis negros no Brasil também aumenta a cada ano e permite que as celebrações natalinas passem a representar maior parcela da população do país. Ambientes públicos também estão mudando a apresentação do Natal.
Em um dos shoppings de Salvador, Bahia, Ubirajara Pereira, mais conhecido como “Seu Bira”, é negro e trabalha como Papai Noel. “Eu sempre tive o sonho de ser Papai Noel, pelo menos uma vez na vida, mas nunca pensei que isso aconteceria um dia. Estou muito feliz”, compartilha.
O senhor compartilha que teve medo de sofrer rejeição por ser preto, mas que foi bem recebido pelo público. “Estou muito feliz porque não houve rejeição. As crianças aceitaram muito naturalmente”, explica. Pereira ainda completa: “O preconceito está na cabeça dos adultos”.
Observar os exemplos é uma forma comum de aprendizado na primeira infância. Sobre a inclusão de figuras negras a mãe Nick Hilário desenvolve: “A importância de personagens negros?! Autoestima, exemplo, força. Personagens de somente uma raça acabam alienando a criança. […] Ver novos personagens pretos em várias esferas da sociedade têm trazido esperança de um novo amanhã”.