Hindus e judeus comemoram símbolos religiosos com entusiasmo.
Paula Orling
O mês de março deste ano (2022) é marcado por diversas comemorações religiosas ao redor do mundo, que envolvem grandes grupos populacionais. Para os indianos que seguem o Hinduísmo, o Holi, mais conhecido como “A Festa das Cores”, representa dias de alegria e devoção. Após três anos de restrições causadas pela pandemia de Covid-19, a festividade, que representa novos começos, recebe um significado ainda mais emocionante na sexta-feira (18).
A festa Hindu tem seu início na noite anterior ao Holi, quando os primeiros simbolismos começam. O rito personifica a dualidade entre o bem e o mal. Neste período, uma fogueira é acesa, representando a destruição do mal.
No dia seguinte, pessoas de todas as idades comemoram a perpetuação do bem com cores e água. Alguns misturam água e sabonete para tornar o momento ainda mais divertido, usam pistolas de água ou balões com água e tinta para acertar os compatriotas.
Para o indiano Sheldon Pinto, natural da cidade de Mumbai, o festival representa um momento de brincadeiras para toda a população. “Pessoas de outras religiões também tomam parte nas celebrações”, esclarece.
Contudo, essa comemoração não é comum em todos os lugares na Índia, mesmo entre os religiosos tradicionais. O indiano Ratna Kunar conta que sempre ouviu falar do Holi, “mas quando você vem para a região onde estou morando, você não vê muito [o festival]”.
Outro evento marcante aconteceu entre os dias 16 e 17 deste mês, quando judeus de todo o mundo se uniram na comemoração da Páscoa Judaica, a Pessach. O historiador Coulanges comenta, em um de seus livros, que as festas religiosas têm origem na antiguidade e, por ter origem em ritos metódicos, até hoje são vistas com seriedade.
A cerimônia que significa “passagem”, em hebraico, que rememora a saída do povo israelense do cativeiro egípcio por volta do ano 3500 a.C., movimenta não apenas o senso religioso das comunidades tradicionais, como também a política e a economia.
Durante os dias de Pessach, as famílias religiosas comem alimentos específicos, como pães asmos e ervas amargas. Além disso, no dia da festa, as famílias celebram com rituais estruturados por meio de perguntas e respostas.
O historiador Pedro Andrade explica o significado histórico deste evento. “A Páscoa [Pessach] é uma festividade que relembra, e isso tem a ver com o pressuposto de história e memória, preservação da identidade cultural, em que o indivíduo, neste caso, se torna livre, liberto”, expõe.
Um judeu que vive no Brasil e prefere não se identificar explica que a experiência de acompanhar uma festividade como esta quebra os paradigmas da seriedade de um evento religioso e traz a euforia da celebração das memórias coletivas.
Ele expressa que “não existe comunidade sem história e esta história precisa ser preservada”. Para a comunidade judaica ao redor do mundo, a Pessach tem um simbolismo perene. “Os judeus nunca vão esquecer da mão do Eterno guiando o seu povo. Comemoramos para relembrar, para não apagar da memória a liberdade de saber que um Deus cuida de nós”, completa.