Como funciona o mercado eletrônico que arrecada bilhões todos os anos.
Helena Cardoso
Com a crescente popularização dos jogos, esse mercado tem ficado cada vez maior. Só em 2021, o Brasil faturou 5,3 bilhões de reais, afirma a oitava pesquisa Game Brasil. Já no cenário internacional, a indústria mundial de games pode arrecadar 204,8 bilhões de dólares até 2023, segundo projeções da Newzoo.
Além de youtubers, streamers e dos redatores e produtores que trabalham para eles, campeonatos de jogos são os que mais ajudam a girar essa economia. O site E-Sports earnings mostrou que mais de 450 milhões de dólares foram distribuídos entre jogadores em torneios de Defense of the Ancients, Counter-Strike, Fortnite e League of Legends. Assim, ficou cada vez mais comum encontrar organizações que treinam times para disputar campeonatos com grandes prêmios.
Foi no final de 2020 que Leonardo Cardoso fundou a Stars Horizon junto com outros sócios. Desde então, a organização vem crescendo rapidamente. Agora, ela já conta com quatro lines (times): um de Counter Strike, um de Free Fire e dois de Valorant. “Hoje a gente joga nas principais ligas nacionais de todos os E-Sports”, conta Leonardo.
É com a visibilidade gerada pela participação nestes campeonatos que a organização se mantém. Além dos prêmios em dinheiro para os ganhadores, o sócio da Stars Horizon afirma que o jeito mais sustentável de se manter uma organização é com os patrocínios. Com parcerias com a Red Bull, por exemplo, o sócio da Leonardo explica que “essa é a principal forma de retorno”.
Auxiliando também na parte financeira, a quantidade de torcedores que o time possui abre portas para outro jeito de capitalizar os jogos: a venda de itens. Grande parte das organizações possui lojas com produtos dos times, e na Stars Horizon não é diferente. Porém, “[a venda] depende muito da sua base e da torcida que você precisa ter formado, pois é isso que mantém a economia”, frisa Cardoso.
A presença cada vez maior dos jogos no cotidiano tem gerado em muitos jovens a vontade de transformar diversão em profissão. Entretanto, o sócio da Stars Horizon alerta que as incertezas do cenário o tornam arriscado, embora tenha muito crescimento. Mesmo assim, ele afirma ser um risco que vale a pena, já que “por a pessoa ter afinidade, ela vai trabalhar de uma forma melhor”, completa.
Leonardo diz ainda que as possibilidades são muitas, mas é a competitividade do cenário que o torna incerto. “Você tem que ter habilidade e dedicação muito boas para conseguir estar em alto nível e estar realmente mais seguro”, explica. Ele também frisa que é preciso ter paciência quando se trata de trabalhar com games, pois dedicou “três anos jogando sem ganhar dinheiro, mas hoje sou sócio de uma organização muito grande e que traz inúmeras oportunidades para outras pessoas.”
Além dos sócios e jogadores, outros empregos também são gerados com as organizações. São duas partes principais que as compõem: performance e visibilidade. Na performance, os coaches (treinadores), analistas e managers são responsáveis pelo desempenho dos jogadores nos campeonatos. São eles que analisam o jogo para ver o que pode ser melhorado e recrutam novos integrantes para o time. Tudo isso acontece dentro da chamada Game Office, espaço onde ocorrem os treinamentos para esses eventos.
Já a visibilidade abrange toda a parte de divulgação. Produções para Tik Tok, Twitter, Instagram, YouTube e até lives na Twitch são realizadas para mostrar tudo o que acontece e atrair mais torcedores. Entre os trabalhadores desse setor, estão desde videomakers e designers até gestores de tráfego, responsáveis pelas estratégias de crescimento.
Para finalizar, Leonardo Cardoso deixa alguns conselhos para quem quer ingressar no mercado de E-Sports: “Vou deixar um recado final para todo mundo que gosta de jogos, acompanha e tem o sonho de ser um jogador: se dedique muito. Quanto mais novo começar, melhor. Às vezes é complicado explicar para os pais sobre isso, mas utilize essa própria reportagem para mostrar um pouco sobre o cenário para eles. Se dedique que você vai alcançar”.