Como consequência do aumento do desemprego no Brasil durante a pandemia de Covid-19, cresce o número de lojas virtuais
Helena Cardoso
Como forma de conter a disseminação da Covid-19, o Brasil aderiu ao lockdown em março de 2020. Essa medida fez muitos comércios fecharem e, consequentemente, aumentou a taxa de desemprego. Segundo dados do IBGE, foi a maior taxa registrada desde o início dessa série histórica em 2012. Uma das maneiras que o governo brasileiro encontrou de reparar os danos à economia foi com o auxílio emergencial oferecido aos trabalhadores informais e desempregados, que contou com cinco parcelas de R$600,00. Em 2021, o auxílio será dividido em quatro parcelas de até R$375,00. Porém, mesmo essa iniciativa, não foi capaz de atender a todos.
A doutora em economia, Ana Jordânia, esclarece que as pessoas buscaram outras formas de renda. Ela diz ainda que uma das formas mais populares foi o comércio virtual, que aumentou 52% durante a pandemia e movimentou R$ 94 bilhões de reais em 2020. “O e-commerce tem se mostrado uma oportunidade tanto para comércios que já existiam quanto para novos empreendedores que estão surgindo”, explica. Ana acredita que essa será uma das saídas da crise econômica na qual o país se encontra.
Kessy Queiroz tornou-se proprietária de uma loja no Instagram, a Magia Key. Ela conta que decidiu investir após seu estágio fechar na pandemia e, dessa forma, uniu o útil ao agradável, pois nesse período as vendas online aumentaram muito. Para Kessy, o maior desafio de gerenciar esse tipo de negócio é a divulgação dos produtos. “Um dia que você deixa de postar, pode ser cinco vendas que você deixa de fazer naquela semana”, conclui.
Outra dona de loja virtual, Bianca Zapata, concorda com Kessy. Para Bianca, a divulgação não é um problema tão grande nas lojas físicas. “A loja física tem vitrine, a pessoa passa e vê”, afirma. Ela explica que começou o seu negócio após parar de receber o auxílio emergencial, e enfrentar dificuldades para conseguir um emprego.
Já Débora Matos é proprietária de uma loja na plataforma de vendas Shopee, e conta que montou a Apeguinhos Nerd por precaução após ver muitas pessoas perderem os seus empregos. Ela disse que, embora a possibilidade de fazer sua própria renda dessa forma seja algo bom, “isso demonstra que o país não tem uma preparação para manter as pessoas empregadas, com vínculos empregatícios fixos”, enfatiza.
Sobre os trabalhos formais e e-commerce em 2021, a economista Ana Jordânia diz que 260 mil novas vagas de emprego foram criadas, porém a tendência é que o comércio virtual cresça ainda mais. A redução do auxílio emergencial, por exemplo, contribui para essa busca por complementação de renda.