Com todo o avanço tecnológico e relevância das redes sociais na vida das pessoas, a exposição de crianças na internet gera um debate sobre os efeitos negativos.
Milla Katherinne
Nos dias atuais, qualquer um que tenha acesso a um aparelho celular, poderá vir a expor sua vida e rotina nas redes sociais, o que não torna muito surpreendente o fato de bebês e crianças estarem sendo constantemente apresentadas a um público incontável de espectadores.
Antes mesmo do mundo ser dominado pela internet, a maternidade de famosas já era notícia, e com o passar dos anos, celebridades fizeram da maternidade um recurso a seu favor.
Muitas influenciadoras hoje veem o número de seguidores e acessos crescendo consideravelmente durante a maternidade e infância de seus filhos, tornando o “ser mãe”, um nicho para internet, com possibilidades de monetização.
Como no caso do Enrico Bacchi, filho de Karina Bacchi que possui uma das maiores contas infantis do Brasil, com pouco mais de 3 milhões de seguidores fiéis, o pequeno arranca sorrisos de seus seguidores, e milhões em patrocínios.
Num universo tão amplo quanto o on-line, é necessário que as mães se atentem sobre “até onde pode ir a exposição dos meus filhos ao mundo?”. Em conversa com mães reais, foi possível entender um pouquinho como elas conciliam sua atuação na internet com a maternidade.
Mãe de trigêmeos, Lisley Bornelli conta que criou um instagram sobre maternidade por notar que quando engravidou não existia tanto conteúdo sobre múltiplos na internet. Sentindo a necessidade de ajudar outras mães com dicas e trocar experiências, Lisley passou a compartilhar conteúdos que descomplicam a vida das mamães.
Acreditando num mundo que tem a necessidade de se comunicar, ela apresenta seus bebês na internet, como exemplo de uma maternidade real através do olhar da mamãe Lisley. Ela conta que toda essa exposição dos bebês é feita de forma natural, prezando sempre pelo equilíbrio.
Utilizando o exemplo de outras mães para saber o que fazer e o que não fazer quanto mãe, Lisley nunca aceitou parcerias de trabalho que envolvam os pequenos, por entender que a imagem deles não deve ser comercializada, e assim preservar a infância e inocência dos seus filhos.
Eriany Uchôa trocou a agitada vida de fotógrafa, para se deliciar e se dedicar integralmente à maternidade, com a chegada de seu primeiro filho. A mamãe Eriany conta que o início era muito difícil principalmente porque seu bebê não dormia direito, foi então que ela decidiu estudar formas de cuidar do sono do bebê e trazer mais qualidade de vida a toda família.
Ela se tornou especialista em sono de bebês e através de sua conta no Instagram passou a ajudar muitas mães que ainda não sabiam como lidar com seus pequeninos.
Eriany conta que sua intenção sempre foi ajudar outras mães, e que mostrar seus filhos na internet é apenas consequência por tratar de maternidade como nicho para as redes. Ela acrescenta que sempre teve muito cuidado ao expor seus filhos, por entender que eles podem ser prejudicados caso não existam limites.
A mamãe usa três termos para definir sua relação com os filhos na internet: “equilíbrio, bom senso e respeito”. Ela explica que prioriza o bem-estar e educação dos filhos, além de um tempo de qualidade. Sendo assim, Eriany entende que a exposição dos filhos e seu trabalho com a internet não interferem no seu desenvolvimento.
Os momentos em que os filhos dela são expostos, são espontâneos e não exigem esforço dos pequenos e para que eles tenham um crescimento saudável, ela decidiu por não inserir as telinhas na rotina deles, finaliza a mamãe de dois.
Em nosso dia-a-dia, costumamos expor o que comemos, para onde vamos, com quem estamos e o que fazemos; acaba não sendo difícil expor a maternidade, já que isso passa a fazer parte da rotina, mas especialistas afirmam que ser exposto exageradamente nas redes sociais pode gerar perigos ao desenvolvimento da criança.
A psicopedagoga e mãe, Gislene Lima, afirma que por se tratar de uma realidade um pouco recente, ainda são poucos os estudos que comprovam os reais efeitos negativos da internet na vida dos pequenos, mas ainda assim é possível identificar problemas, e é necessário fazer um alerta sobre a necessidade de dosar e equilibrar a exposição das crianças nas redes sociais.