Vício em cigarro é principal causador do câncer bucal.
Natália Goes
O mês de maio é dedicado à prevenção do câncer de boca no país. O Maio Vermelho é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer na cavidade oral(boca, lábios, língua, gengivas e garganta). A campanha faz alusão ao dia 31 de maio, instituído pela Lei Estadual 12.535/06 como o Dia Mundial de Combate ao Fumo.
A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde(OMS) em 1987 alertando para que a população fique atenta para lesões na cavidade bucal. Além disso, profissionais de saúde ampliam discussões sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.
Nos últimos dez anos, o número de adolescentes e jovens fumantes diminuiu, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que é considerado um centro colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o controle do tabaco. Apesar destes dados, é crescente o número de usuários de narguilé e cigarros eletrônicos, principalmente entre jovens de 16 a 30 anos.
Segundo a oncologista clínica do Hospital Israelista Albert Einstein, Débora Maciel, existem vários fatores para o vício em cigarros. Dentre eles estão a facilidade de compra dos cigarros a baixos preços, a vontade de alguns adolescentes de serem incluídos em grupos que fumam, além da propaganda realizada pela mídia, que associa o tabagismo como sinônimo de beleza, poder, maior potência sexual e liberdade. “Apesar da publicidade direta estimulando o tabagismo ser proibida no Brasil, a indústria do tabaco consegue meios de mantê-lo nas mídias”, destaca Maciel.
A estimativa de novos casos de câncer de boca, segundo o Inca, para o ano de 2020 era de 15.190, sendo 11.180 homens e 4.010 mulheres. Além disso, o número de mortes em 2020 por essa enfermidade foi 6.192, sendo 4.767 homens e 1.425 mulheres.
De acordo com o Inca, estima-se que entre 2020 e 2022, serão 11.180 novos casos da doença nos indivíduos do sexo masculino e 4.010 no sexo feminino por ano. Além disso, as regiões do Brasil com maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença são o Sul e Sudeste.
A oncologista ressalta que os fumantes têm em média uma expectativa de vida 10 anos menor em comparação com os não fumantes. Ela explica que “o tempo de vida depende de outras doenças e hábitos de vida adotados pelo indivíduo”. Como se percebe pelos números citados acima, o câncer de boca é uma patologia que acomete mais homens, acima dos 40 anos de idade.
De acordo com um relatório apresentado em 2020 pelo Inca, o tempo entre o diagnóstico e início do tratamento da patologia foi superior a 60 dias na maioria dos casos notificados no país.
O câncer bucal é um tumor maligno que afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua.
No câncer bucal, as lesões normalmente surgem como manchas ou placas brancas ou avermelhadas, nódulos endurecidos ou úlceras na mucosa bucal. Estas lesões normalmente são indolores, podendo haver sangramento sem cicatrização por mais de duas semanas.
Além disso, Débora ressalta outros sintomas outros sintomas que estão associados a doença no casos mais avançados que são dificuldade para movimentar a língua, dificuldade na fala, sensação de que tem algo preso na garganta, rouquidão e presença de gânglios aumentados no pescoço.
Os exames para o diagnóstico do câncer de boca podem ser realizados durante as consultas, “o cirurgião de cabeça e pescoço é um dos especialistas para a realização da biópsia da lesão suspeita para que seja realizada a análise patológica e confirmação do diagnóstico”, afirma Débora.
De acordo com a Oncologista, o tabagismo é o principal fator de risco evitável responsável pelo adoecimento e morte em todo o mundo e está associado a doenças respiratórias, cardiológicas, metabólicas e principalmente ao aumento do risco de câncer.
Além do hábito de fumar, diversas outras causas devem ser consideradas quando falamos sobre câncer bucal. Atualmente, segundo Débora, podem ser considerados os principais fatores de risco para o câncer de boca:
A prevenção é a principal estratégia para o controle desta patologia. Pode ser obtida através do auto-exame bucal, visitas regulares ao médico, apresentar hábitos saudáveis. Além disso, previne-se a doença “através da redução a exposição aos fatores de risco como: não fumar, evitar bebidas alcoólicas, manter dieta saudável e o peso corporal dentro dos limites de normalidade, usar protetores labiais e camisinha durante o sexo, para evitar a infecção pelo vírus papiloma humano (HPV)”, explica Maciel.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio do Ministério da Saúde, o número de fumantes diminuiu no Brasil e o número de ex-usuários de tabaco é cada vez maior. Para Josuel, ex fumante, parar de fumar não é fácil. “É preciso pedir forças a Deus para conseguir parar de fumar, me sinto melhor. Consigo sentir o gosto dos alimentos”, afirma Josuel.
Durante todo o mês de maio campanhas serão feitas para conscientizar a população sobre o câncer de boca e outras doenças. “É preciso falar sobre câncer, sobre a possibilidade da doença existir para que pessoas evitem os fatores de risco e os que tenham lesões suspeitas saibam da importância de procurar um atendimento precoce para um tratamento curativo”, destaca a oncologista.