O ensino remoto é responsável por mudanças drásticas nos cenários escolar e familiar em todo o Brasil
Paula Orling
O ensino remoto foi implantado pelo Ministério da Educação (MEC), em conformidade com o Ministério da Saúde, em todo o Brasil a partir de março de 2020. Deste modo, o novo sistema educacional entra em vigor por meio de diversas plataformas digitais, conferências e transmissões via canais de televisão, com o objetivo de conter a pandemia do Coronavírus, de acordo com a portaria 343 do MEC.
Segundo a diretora do Colégio Adventista São José dos Pinhais, Maiza Godoy, “a tecnologia aproxima pessoas de todo o mundo, mas, no período das aulas remotas, as tecnologias deixaram a desejar.” Assim, fala sobre inserção tecnológica tanto no educandário nacional e a busca pela quebra do tradicionalismo educacional nas escolas de todo o país. Apesar do apoio à inovação, o fechamento das escolas e o início das aulas remotas trouxe grande receio para o docente, o discente e suas famílias. Além disso, declara que ocorre uma mudança cultural decorrente deste novo modelo e despreparo das escolas frente ao desconhecido.
Ao citar o que afetou o ensino, Iozodara Branco de George, técnica da Coordenação de Estrutura e Funcionamento (CEF) da Secretaria de Educação e Esporte (SEED), afirma que “o formato de aulas remotas pegou todo mundo de surpresa e a maioria dos professores não sabia como trabalhar dessa forma. Os professores não possuíam equipamentos e nem mesmo didática para as aulas em formato de vídeo.”
O papel da família
Em concessão à problemática das escolas, o educador Malton Fuckner afirma que alunos e seus responsáveis também enfrentam dificuldades no modelo, no que diz respeito a aceitar um formato nunca antes vivido, além da mudança na dinâmica familiar. Portanto, as famílias precisaram se organizar para adequar o trabalho dos responsáveis às novas rotinas dos estudantes. Além disso, Malton continua dizendo que os alunos notaram a carência de autonomia pessoal, necessitam relacionar as aulas remotas e o aprendizado autodidata, além de realizar atividades sem apoio pedagógico.
A professora do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro, Solange Maram, explana a debilidade causada pela redução do período de aulas, ao dizer: “não consegui dar um conteúdo de cada turma e tenho certeza de que não fui só eu.”. Diante disso, o aluno do Instituto Adventista de Ensino de Santa Catarina, Nícolas Zabel, elucida a dificuldade vivida ao passar por processos seletivos. “A impossibilidade de realizar os vestibulares e a pressão de contrair uma doença tiveram grande impacto em meus resultados”, relata Zabel.
Situação na rede pública
O baixo nível de aprendizado é ainda pior na rede pública. Tal cenário é destacado pela técnica do Núcleo Regional de Educação, sede da área metropolitana norte da cidade de Curitiba, Cristiane Oliveira, quando diz que “[…] a Rede pública mal tem internet e muito menos profissionais “capacitados” para dar aulas online”. Assim, é evidente a diminuição do rendimento entre professor e aluno. Deste modo, o ensino remoto permanecerá como desafio no aprendizado brasileiro.