Eficiência e praticidade proporcionadas por bancos digitais em detrimento dos tradicionais, promove tendência crescente de migração de clientes
Melissa Oliveira Maciel
Segundo pesquisa do UBS Evidence Lab, no ano de 2019 a participação dos bancos tradicionais era de 52% e dos digitais, 48%. Com a pandemia, no entanto, as instituições digitais, por oferecerem ao brasileiro serviço bancário eficiente, redução de taxas, ou ausência delas, e atendimento exclusivamente online, inverteram o cenário, alcançando a marca de 52%.
Os principais bancos digitais em atuação no Brasil são: Nubank, Neon, Banco Inter, Mercado Pago, Pagseguro (PAGS), Banco Original e C6 Bank.
Dentre as vantagens proporcionadas por tais serviços virtuais está o fácil acesso, transações financeiras completamente online e sem taxas, economia de tempo, por não precisar ir até uma agência física, e atendimento livre das burocracias comuns aos grandes bancos.
Outro benefício oferecido, são as aplicações em investimentos de forma facilitada. Sobre isso, a analista de vendas e estudante de Economia da UFRJ, Anna Cláudia de Andrade, explica que “a maioria dos bancos digitais conta rendimento automático pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é uma ótima opção de investimento em renda fixa pra quem não sabe nada de investimentos” e ressalta que “como temos uma defasagem muito grande de educação financeira, é ótimo que esses bancos permitam um rendimento sem que você faça nada.”
Para Murilo dos Reis, usuário do banco Nubank, os bancos digitais são financeiramente mais atrativos devido ao baixo custo e ausência de taxas. Além disso, ele destaca como ponto positivo a prontidão da equipe na resolução de problemas. “Eles sempre foram bem rápidos e proativos para ajudar. Foi uma experiência muito satisfatória, comparando com o banco convencional”, afirma.
Outra usuária, Aline Kuipers, diz “eu lembro que quando abri conta no banco tradicional tive que levar um monte de documentação e ficar em uma fila imensa. Foi horrível, e no banco digital não, é tudo mais rápido.”
Os bancos digitais traçaram um público alvo: a população jovem. E apesar de suprirem as necessidades desse público quanto à inovação em serviços bancários, tal alvo pode constituir uma desvantagem, pois assim, ainda contam com o “processo de quebra de barreira de entrada, especialmente no que tange ao público mais velho”, esclarece Andrade.
Mesmo que defendam a premissa da inclusão bancária, bancos digitais ainda têm uma longa milha para percorrer quanto à acessibilidade, levando em conta a desigualdade quanto ao acesso à internet no país, evidenciada com a pandemia.
Quanto a isso a analista expõe que “muitas comunidades e até cidades vivem do modo tradicional, ou seja, esse grande grupo de pessoas dificilmente vai ter acesso às modernidades de um banco digital” e acrescenta que “seria interessante os bancos digitais possuírem alguns postos estratégicos para dar suporte a alguns grupos da população, como das comunidades ribeirinhas ou do interior do país, pois não adianta falar de inclusão, mas não estar presente onde o problema reside.”
Cada vez mais os bancos digitais têm se mostrado uma ameaça às instituições convencionais. Por conta disso, os grandes bancos passaram a investir largamente no desenvolvimento de aplicativos e na disponibilidade de atendimento online.
“As principais fintechs (startups da economia digital) correram contra o tempo em 2020 para avançar em seus negócios e garantir o crescimento destes, enquanto incontáveis agências físicas fecharam suas portas” declara Andrade, e conclui: “é uma prova forte da batalha entre os bancos.”