De três anos para cá o procedimento fechou em alta sobre a cesariana
Kawanna Cordeiro
Pela primeira vez, desde 2010, dados do Ministério da Saúde apontam uma queda no número de cesarianas no Brasil. O procedimento que sempre esteve à frente do parto normal mostrou uma baixa de 1,5 pontos percentual de 2014 para 2015. No ano retrasado fechou em alta para o número de cesarianas, 55,57%, sendo que 44,43% foram parto normal. Já em 2015 houve uma reversão dos dados, números preliminares indicam 40,2% de cesarianas contra 59,8% de partos normais, considerando somente o Sistema Único de Saúde.
Para a dona de casa, Heloise Bergauser, a escolha pelo parto normal foi ótima. “Eu sempre quis parto normal, mas foi completamente diferente do que pensava. Mas sendo um parto natural, meu filho nasceu no momento certo, no momento em que ele estava preparado para chegar”, revela.
No Brasil, a taxa de cesarianas ainda é alta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o padrão ideal fica entre 10% e 15% do total. Com o patamar do país a taxa deveria estar entre 25% e 30%. Segundo a ginecologista e obstetra Priscila Huguet, cerca 70% das mulheres, ao engravidarem, desejam ter parto normal. “Elas passam por um processo de desencorajamento ao longo da gestação, seja pelo profissional que a atende ou pela família. Com o grande destaque que a mídia tem dado ao parto humanizado e as informações mais acessíveis por causa da internet, as mulheres estão assumindo o protagonismo sobre seus corpos, o que as faz desejar o parto humanizado”, explica.
Escolher o parto humanizado significa deixar a natureza fazer o seu trabalho, realizar um mínimo de intervenções médicas e somente aquelas autorizadas pela mãe. O objetivo é sempre deixar tudo acontecer da maneira mais natural possível, sempre levando em conta a segurança da gestante e do bebê. O acompanhamento médico é necessário somente se acontecer algum problema.
Para a doula, Adelia Segal, profissional que faz acompanhamento para servir a mulher durante todo o ciclo gravídico-puerperal, cesariana não é parto. “Parto só é via vaginal. Não existe parto cesariana, isso é cirurgia. Parto é uma coisa que só a mulher pode fazer, ninguém vai parir por ela, ninguém vai tirar o filho de dentro dela. Quando isso acontece não é parto, é cirurgia”, esclarece.
No entanto, existem casos em que a cesariana é uma via de nascimento que salva vidas, pois a segurança do bebê e da mãe vem em primeiro lugar. “Em casos onde o parto normal não é possível, como em situações de placenta prévia ou desproporção céfalo-pélvica, ela é absolutamente necessária”, especifica Priscila.
Mas o parto normal ainda será o preferido entre os médicos, além de ser natural ele é superior a cesariana, pois há menos sangramento, o leite “desce” mais rapidamente, há contato imediato da mãe com o bebê e quando o bebê passa pelo canal vaginal ele adquire bactérias que estão presentes ali e isto previne várias doenças, como asma brônquica, obesidade. Além de ser uma experiência muito bela para o casal.
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