Conhecido por construir escolas e centros de saúde em países como Moçambique, Quenia e Togo, Francis Kéré é o primeiro arquiteto negro a ganhar o prêmio Pritzker.
Bruna Schaun
Diébédo Francis Kéré marcou para sempre a história do “Nobel de Arquitetura”, o prêmio Pritzker. O arquiteto, conhecido por construir escolas e centros de saúde em lugares de extrema pobreza, é a primeira pessoa negra a receber a condecoração que aconteceu no dia 15 de março deste ano.
Nascido em Gando, uma pequena aldeia com cerca de três mil habitantes em Burquina Fasso, Kéré foi o primeiro de sua família a frequentar a escola. Teve as primeiras experiências com a arquitetura em sua sala de aula da infância, que não tinha ventilação, nem luz natural e no espaço pouco iluminado onde sua avó lhe contava histórias.
“Eu cresci em uma comunidade onde não havia jardim de infância, mas onde a comunidade era sua família. Todos cuidavam de você e a vila inteira era seu parquinho. Lembro-me da sala onde minha avó se sentava e contava histórias, tinha pouca luz e sua voz nos envolvia, convocando-nos a chegar mais perto e formar um lugar seguro. Esta foi a minha primeira experiência de arquitetura”, conta o ganhador.
Em 1985, Francis Kéré mudou-se para Berlim com uma bolsa de estudos de carpintaria. Dez anos depois, recebeu uma bolsa de estudos da Technische Universitat Berlin, graduando-se em 2004.
Pritzker não é o primeiro prêmio que Kéré ganhou em sua trajetória como arquiteto. Em 2004, ano de sua formação, ganhou o Prêmio Aga Khan de Arquitetura, pelo prédio da escola primária de Gando, seu primeiro projeto. Também ganhou o Prêmio Global de Arquitetura Sustentável de Cité de L’Architecture et du Patrimoine, em 2009; o Prêmio Memorial Arnold W Brunner, em 2017, a Medalha da Fundação Thomas Jefferson em Arquitetura, em 2021, entre outros.
Benin, Burquina Fasso, Mali, Togo, Quênia, Moçambique e Sudão são alguns dos países da África onde o “gênio da arquitetura” constrói escolas, edifícios, espaços públicos e centros de saúde. Francis é reconhecido por “melhorar as vidas e experiências de inúmeros cidadãos em uma região do mundo que por vezes é esquecida”, afirma Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, patrocinadora do evento, em seu comunicado sobre o vencedor. Pritzker continua seu discurso falando que Kéré “empodera e transforma as comunidades por meio da arquitetura.”
O comunicado oficial declara: “Através de edifícios que demonstram beleza, modéstia, ousadia e invenção, e pela integridade de sua arquitetura e gesto, Kéré defende graciosamente a missão deste prêmio.” O burquinense é o 51° vencedor do “Nobel de Arquitetura”.