Preocupada com brigas entre torcidas e agressão aos jogadores, CBF promete medidas de segurança.
Juliete Caetano
Em fevereiro, nove jogadores de futebol de diversos times saíram feridos após uma partida. Foram registradas não só agressões físicas, mas também agressões raciais por parte dos torcedores. As cenas foram apontadas em cidades como Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre.
A Assembléia Geral Extraordinária (AGE), realizada em 7 de março pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), estabeleceu uma comissão de combate à violência nos estádios.
Liderada pelo presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, a AGE contou com a presença de 27 federações, que representam todos os estados brasileiros. Ao fim da reunião, Rodrigues se mostrou preocupado com os últimos acontecimentos. “Nosso trabalho consiste sempre, desde quando fui presidente da Federação na Bahia, em dialogar exaustivamente e pacificar. O futebol brasileiro precisa de paz, de uma página mais alegre”, reflete.
Um caso que chocou o país foi a morte de um torcedor palmeirense. Leandro de Paula Zanho que em 2017 se envolveu em uma briga onde trabalhava e acabou sendo esfaqueado após um jogo entre o Palmeiras e o Corinthians. Os dados não são novos, mas mostram que a violência é relativamente comum no futebol brasileiro.
Em 24 de fevereiro, um ônibus que transportava o time do Bahia para um jogo contra o Sampaio Corrêa-MA, na Arena Fonte Nova-BA, foi atingido por uma bomba. O goleiro Danilo Fernandes ficou ferido no rosto por estilhaços, e precisou ser levado para o hospital.
Fora do Brasil a torcida mexicana também foi alvo de vandalismo. Agressões por parte dos próprios torcedores que estavam lá para presenciar o jogo entre os clubes Querétaro e Atlas deixaram 19 pessoas feridas, entre eles um em estado delicado.
O caso mais recente foi o que ocorreu nesta quinta-feira (17) quando o time fluminense desembarcou no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro depois da eliminação pela terceira fase da Libertadores para o Olimpia (PAR). Cerca de 20 torcedores brigaram com os seguranças e até xingaram o presidente do clube Mário Bittencourt e o treinador Abel Braga. Ninguém saiu ferido.
A Associação das Torcidas Organizadas (Anatorg) em apresentação ao site oficial, esclarece: “Não prometemos o fim das brigas e das mortes, pois isso é um serviço do Estado também e não apenas nosso, já que a segurança pública e educação são coisas raras e que afetam o nosso segmento e não somos nós que vamos erradicar tal problema nas torcidas organizadas [sic]”.
O fundador da Anatorg, Alex Minduim, ressalta que o estatuto só é respeitado pelas torcidas organizadas, porém, é ignorado por dirigentes e confederações de futebol. “Não podemos generalizar a má atitude de um indivíduo com a camiseta de uma torcida organizada como se fosse culpa só da organização. Eu estou falando de instituições que têm 20, 30 ou até 60 anos de fundação, que contribuem absurdamente com a sociedade brasileira”, explica.
O estatuto do torcedor foi criado em maio de 2003 com “o intuito de oferecer à população aparato jurídico que reconheça o interesse social das atividades desportivas e assegure ao torcedor o máximo respeito de seus direitos humanos e de consumidor”. Em 2013, sofreu alterações em alguns artigos do código. Contudo, dispositivos que falam sobre o direito dos torcedores não sofreram nenhuma modificação.