O estudo está em andamento e tem gerado grande capacitação profissional.
Lucas Pazzaglini
Uma pesquisa realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Programa Mulheres na Ciência, propõe a “Obtenção de micro e nanocelulose utilizando como matéria-prima a casca do ingá-cipó”. O objetivo do estudo é gerar o componente Carbopol, fundamental para a produção do álcool em gel, que devido a grande demanda atual está escasso no comércio.
A iniciativa surgiu com o objetivo de colaborar com o desenvolvimento científico regional, como explica a coordenadora da pesquisa, doutora em Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Margarida Carmo de Souza. “Essa pesquisa é fruto de uma parceria com o Prof. Dr. Luiz Pereira da Costa (Docente do ICET/UFAM), que tem vasta experiência em estudos com nanotecnologia. Portanto, quando surgiu o edital da FAPEAM apresentamos a proposta no Programa Mulheres na Ciência”.
A pesquisa segue em andamento e representa uma iniciativa sustentável por garantir a preservação ambiental e ainda proporcionar uma melhor qualidade dos materiais desenvolvidos.
A Dra. Margarida acrescenta que as cascas usadas para a pesquisa são geralmente descartadas e desperdiçadas gerando acúmulo de lixo orgânico. O ingá-cipó é amplamente cultivado na Amazônia e por isso seu descarte também é excessivo. “Portanto, a importância é usar o descarte do fruto para fins tecnológicos, agregando valor ao que atualmente é lixo”, ressalta.
O Edital 001/2021 da Fapeam se refere ao Programa Mulheres na Ciência que “possibilita a maior participação de mulheres no desenvolvimento científico regional, dando ênfase ao papel importante que a mulher desempenha na sociedade, como pesquisadora”, afirma a Dra. Margarida.
Essa pesquisa em específico conta com 4 bolsistas, 2 apoios técnicos e um pesquisador doutor em Química, o que gera capacitação profissional para os bolsistas de graduação e apoio técnico e ainda estimula a fixação de doutores no Amazonas.
Um Relatório de Ciências da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, explica que menos de um em cada quatro pesquisadores no mundo dos negócios é mulher e, quando as mulheres começam seu próprio negócio, elas têm dificuldade para obter financiamento. Por isso a Dra. Margarida vê a necessidade de que o cenário mundial mude e que mais mulheres entrem na ciência.
Para a Dra. Margarida, ter um edital dedicado às mulheres “oportuniza o desenvolvimento de pesquisas realizadas e coordenadas por mulheres, ao mesmo tempo que divulga o protagonismo delas na ciência.”