Aulas de violão incentivam o aprendizado da música para crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Gabrielle Ramos Venceslau
Projetos sociais realizados por Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas e especialistas da área utilizam a música para incentivar o desenvolvimento físico e intelectual das pessoas. Nesse contexto, atividades de musicalização são desenvolvidas em diversas esferas sociais do país e abrangendo variadas gerações.
Um estudo realizado pela ABC News comprovou que aprender a tocar instrumentos musicais durante a infância pode aumentar a chance da criança se tornar bem-sucedida na vida adulta. Isso acontece porque a música auxilia na memória e no melhor desempenho da aprendizagem escolar.
Além disso, a música desenvolve uma evolução contínua no pensamento e comportamento das crianças e adolescentes, estimula o desenvolvimento emocional, ajuda a ampliar o repertório cultural e desenvolve os processos sociais e motores, segundo a Sociedade Artística Brasileira (SABRA).
Entre os idosos, pesquisas revelam que a música diminui a dor, promove socialização e sensações de felicidade. Nesse sentido, os programas sociais que promovem corais, orquestras e aulas de teoria musical proporcionam o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades para pessoas de diferentes idades.
“Eu sempre amei música e tocar violão sempre foi um sonho”, relata Dalise Santana, que aprendeu a tocar violão nas aulas da Orquestra de Violões: Cordas e Acordes. O projeto surgiu em 2018 vinculado ao Ministério da Música da Igreja Adventista do Sétimo Dia – Central de Itabuna (BA) e ensinava gratuitamente os interessados a tocarem violão e aprenderem sobre música.
Os ensaios dessa orquestra ocorriam aos sábados à tarde, contando com a participação de pessoas de várias idades e eram dirigidos pelo professor Camargo Deyvid, o líder deste projeto. As apresentações do grupo eram feitas na igreja local, em asilos, eventos de Natal ou Dia das Mães, praças, dentre outros; conforme as músicas eram sendo ensaiadas.
A comunidade local foi favorecida por meio de aulas gratuitas de violão, cujos interessados puderam aprender a tocar um instrumento musical, conta o líder, comemorando os resultados que a orquestra desempenhou na vida das pessoas que usufruíram desse projeto.
Contudo, com a chegada da pandemia, as atividades da Orquestra Cordas e Acordes tiveram que ser interrompidas, explica Camargo. E “com o retorno das atividades presenciais na igreja, muitos membros da orquestra já estavam envolvidos em outros afazeres e projetos”, ele complementa.
Para ele, o aprendizado e as amizades feitas no período de existência da orquestra permanecem até hoje. Além disso, os participantes se encontram inseridos no serviço de música na igreja local. “Da orquestra surgiram músicos solos, cantores, violonistas, pianistas e uma banda chamada ‘Liberttos”, expõe o professor.
Quando os primeiros participantes começaram a aprender a tocar violão, os mesmos foram divulgando e despertando o interesse dos amigos, relata o professor de violão. Foi assim que o estudante do terceiro ano do ensino médio, Breno Rodrigues, conheceu o projeto. “Todos estavam aprendendo a tocar e eu não poderia ficar de fora!”.
Dalise, mãe da Maria Clara Santana, começou a participar da orquestra e depois colocou a sua filha para fazer as aulas também. “Minha companhia [como mãe] era uma maneira de incentivá-la no aprendizado e a não desistir das aulas”. Já a filha, conta “fiz novas amizades e aprendi algo novo, o que foi muito legal”.
Aprender um instrumento musical trouxe resultados positivos para a vida dos membros. “Nos meus sábados à tarde geralmente eu dormia por estar cansada demais da semana de trabalho e através das aulas de violão, mudei totalmente minha rotina”, confessa Dalise Santana. E para Breno, esse aprendizado agregou bastante em seu conhecimento de vida.
Porém, “a ausência das aulas mexeu muito comigo”, relata a mãe da Maria Clara, que agora não participa tão ativamente de atividades musicais, apenas acompanha a filha quando vai cantar. Isso mostra a falta que a orquestra faz em meio a sociedade da região, pois “com as apresentações os cultos ficaram mais animados e as programações diferenciadas”, complementa.
Embora as atividades não continuem como antes, novos projetos surgiram a partir das aulas de violão que aconteciam antes da pandemia. “Eu faço parte de uma banda composta apenas por adolescentes”, conta Breno. A banda Liberttos é composta por ex-membros da orquestra, como a Maria Clara, e amigos destes, que se agregaram ao grupo por se sentirem interessados à música; os ensaios e apresentações são organizados pelo professor Camargo e os pais dos participantes.
Isso tem sido bastante relevante para a igreja e a comunidade local. Pois, o aprendizado e as amizades feitas no período de existência da orquestra permanecem até hoje, afirma Camargo, que convive com os frutos deixados pelo projeto iniciado 4 anos atrás.