Remake de “O Rei Leão” lidera bilheterias

Hellen Piris

 

O remake de “O Rei Leão”, sucesso do Walt Disney Studios desde a década de 1990, acumula R$ 156 milhões de bilheteria menos de duas semanas após seu lançamento. O filme, que conta com diversas tecnologias de animação de modo a trazer um visual realista, possui quase meia hora a mais que a animação original. Entre os dubladores em inglês, estão Beyoncé, Donald Glover e Seth Rogen. Na versão em português, a cantora Iza e o ator Ícaro Silva interpretam a leoa Nala e o leão Simba, protagonista da história. Com orçamento de $ 250 milhões, o longa metragem estreiou no Brasil no dia 18 de julho. Só nesse final de semana (26-28/07), arrecadou mais de R$ 47 milhões. O segundo lugar nas bilheterias, “Homem-Aranha: Longe de Casa”, levou R$ 5,6 milhões.

O filme original data de 1994. Com duração de 89 minutos, arrecadou 987 milhões de dólares em bilheterias em todo o mundo. Até então, era a animação que mais atraiu audiências na história do cinema. Fãs começaram contagens regressivas para o remake desse ano. A estudante de Engenharia Comercial Damarys Carballo esperou com muita emoção a estreia do filme. “Assistir novamente ‘O Rei Leão’ me fez reviver momentos da infância e sentir toda aquela emoção mais uma vez”, assegura a fã dos filmes da Disney. Para ela, é difícil decidir qual é seu filme preferido. “Poderia assisti-los o dia todo e não me cansaria. Os filmes são simplesmente incríveis”, acredita. Ela admite que não gostou muito de algumas mudanças feitas no novo filme, já que várias cenas são realistas demais e acabam perdendo a essência do original, e algumas sequências não estão presentes no remake. Porém, a estudante vê o lado bom da história e valoriza as lições e ensinamentos que o longa metragem oferece. “Gosto muito da inocência que a Disney transmite, e espero ansiosa pelos próximos filmes”, complementa.

 

Remakes e alterações

 

O doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) Celbi Pegoraro explica o sucesso dos filmes remake: “O fato da maioria das pessoas já conhecer o filme e ele ter sido um sucesso só aumenta o forte efeito da memória afetiva. As pessoas querem resgatar ou reviver a sensação que tiveram vendo o original, ou também querem apresentar os filmes para seus filhos buscando repetir a mesma emoção”, indica. Além disso, o pesquisador aponta que o plano de usar material conhecido na Disney vem acontecendo a partir dos anos 1990, e que o estúdio investiu bastante em continuações (sequels) baratas lançadas direto em fitas de vídeo e DVD. Já em relação a certas mudanças feitas da animação para as versões live-action ou com animação realista, Pegoraro analisa que, embora filmes como o novo “Rei Leão” sejam sucessos de bilheteria, algo falta. “O novo Rei Leão não tem personagens tão carismáticos e emotivos como na animação. Outras alterações são relativas ao politicamente correto ou mesmo a questões de linguagem”, acrescenta. Como exemplo, ele cita o remake de “Dumbo”, dirigido por Tim Burton e lançado em março desse ano. Referências racistas foram eliminadas, e a mensagem de um “circo sem animais” foi incluída.

 

Dublagens

 

O cinema sempre se renova, mas, ao menos no Brasil, há uma constante: boas dublagens. Muitas músicas e falas clássicas de filmes da Disney vêm à mente em português quando lembramos da infância. Vasco Suamo é mestrando em Relações Internacionais e Ciência Política na Universidade da Beira Interior, em Portugal. No entanto, durante a faculdade de Jornalismo, feita no Unasp Engenheiro Coelho, desenvolveu um trabalho sobre a qualidade da dublagem brasileira – e o que a diferencia. Ele explica que “boa parte dos dubladores no Brasil também são atores: de teatro, cinema, ou até mesmo de televisão. Portanto, eles conseguem transmitir com facilidade todos os sentimentos que o personagem pretende passar ao telespectador numa determinada cena. Em resumo: o dublador brasileiro trabalha com a voz e com o corpo”. Suamo também ressalta a aceitação por parte de outros países que tem os trabalhos dublados no Brasil, ao indicar que vários países da África de língua oficial portuguesa utilizam as dublagens brasileiras em suas produções cinematográficas ou nos filmes que consomem. Isso demonstra a qualidade do trabalho, já que o português de tais países é mais parecido com o de Portugal. “A diferença da dublagem do Brasil com a dos demais países é muito simples: o Brasil está no pequeno grupo dos países que fazem dublagem com arte. Os demais fazem tradução simultânea”, conclui.

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