A doença tem sintomas semelhantes ao da depressão, mas muitas vezes é tardio o diagnóstico correto
Thamiris Senis
Crise de ansiedade, bipolaridade, instabilidade emocional e sentimento de abandono. Todos esses sentimentos viraram sintomas de doenças psiquiátricas, como a depressão, que é chamada de a doença do século XXI. Mas você sabia que esses sintomas não são exclusivos da depressão? Esses sentimentos podem também ser um sinal para a Síndrome de Borderline.
Talvez você nunca tenha ouvido falar dela, mas não é uma síndrome nova e atinge muitas pessoas. A estudante Larissa Yohana é um exemplo. De acordo com ela, os primeiros sintomas apareceram logo cedo, mas ela só de deu conta de que havia algo errado aos 13 anos. Porém, só foi diagnosticada aos 18. “Muitas vezes sentia que algo estava errado comigo, o problema não era o mundo nem as pessoas, mas algo em mim não encaixava, como se eu fosse anormal e minhas mudanças de humor eram nítidas e instáveis”, lembra.
O psiquiatra César Vasconcellos explica que os sintomas dessa síndrome costumam aparecer mais no fim da adolescência e se concretizam nos primeiros anos da fase adulta, persistindo por toda a vida. “Pessoas com este sofrimento mental possuem sintomas psiquiátricos diversos como humor instável e reativo, problemas com a identidade, sensações de irrealidade e despersonalização”, explica o psiquiatra. “Posso estar brincando e sorrindo e cinco minutos depois eu fico mal-humorada, ou chorando sem parar com pensamentos ruins”, desabafa Larissa.
Os sentimentos são instáveis, a pessoa com transtorno Borderline, devido à sua instabilidade, pode apresentar depressão, ira, paranoia, extrema dependência, automutilação e outros atos autodestrutivos. “Me mutilei por muitas vezes, fiz cortes, torções propositais e até mesmo tapas e socos em mim mesma”, conta a estudante. Vasconcellos argumenta que os Borderlines têm profundos traços de masoquismo e sadismo. “De forma geral, são como crianças em um corpo de adulto, não tolerando quaisquer limites”, ressalta. Os transtornos psiquiátricos são alterações graves caracterizadas por modelos crônicos de comportamentos inflexíveis que afetam profundamente os relacionamentos interpessoais, como por exemplo, a relação de mãe e filha.
A autônoma e mãe Deise Cespedes têm duas filhas com problemas psicológicos, e conta que foi difícil saber dos transtornos e acompanhá-las nos tratamentos. “Não foi fácil, fiquei triste, mas ciente que não poderia me abater, e sim encontrar forças para ajudá-las”, relata. O psiquiatra frisa a importância dos familiares nos tratamentos e faz alguns alertas. “Seja formal, coloque limites firmes em termos de disponibilidade para estar com ela, explique qual é o comportamento apropriado que você precisa que ela tenha no contato com você”, acrescenta.
A mãe também aconselha os familiares a nunca abandonarem o paciente. “Dê todo apoio possível, amor e carinho e, acima de tudo, sempre demonstrando que eles não estão sozinhos, façam com que encontrem em nós pais os verdadeiros amigos”, aconselha.
*Foto: https://goo.gl/HmyxHz