Os desafios e alegrias de mães que são donas de casa e exercem essa função durante todas as horas do dia.
Lana Bianchessi
Tarefas domésticas e organização da casa são atividades cansativas e que geram muito trabalho. Com a chegada de um filho, a responsabilidade aumenta e as preocupações também. Mulheres que decidem se dedicar especialmente a essas funções enfrentam dificuldades todos os dias.
Segundo uma pesquisa dos Profissionais da Catho, 47% das mães já abriram mão de oportunidades de empregos e de promoções porque sabiam que teriam dificuldade em conciliar filhos e vida profissional.
Essa é a história de Arlete Gama, de 84 anos, que criou sete filhos. “Eu vivia mesmo para cuidar do marido e dos filhos. Eu me arrependo porque não tive estudo. Onde eu morava era interior e eu já deixava de estudar para ficar ajudando minha mãe em casa. Então coloquei na minha mente que quando eu arrumasse um marido, ia viver só pra isso. Os filhos foram chegando, nós fomos criando e isso dificultou o estudo”, relata.
Porém, não é só na vida profissional que as mães são afetadas por optarem a se dedicarem aos filhos e ao lar.
Dar total atenção para os filhos é função essencial, ser cozinheira, faxineira, psicóloga, médica e professora é parte do pacote. Tantas atividades, pouco tempo e uma só mãe. Muitas não expressam o quanto esse cargo é cansativo, mesmo tendo como recompensa a presença na vida do filho.
Lucineia Goes, dona de casa e mãe de dois filhos, aborda um pouco da sua dificuldade. “Pra mim, a maior dificuldade foi deixar algumas coisas do dia-a-dia pra fazer enquanto eles dormiam, para dar toda atenção quando eles estivessem acordados”, explica.
Outra realidade que manifesta esses desafios é a de Arlete. “Fazer comida, dar banho e amparar era tudo trabalho pra mim, eu tinha que cuidar mesmo. Eu preparava o almoço e entregava prato para todos os filhos”, lembra.
A mãe de quatro filhos, Regiani Patrícia, conta que ela trabalhava com a fabricação de bolos e doces, mas não continuou por conta do cansaço. “Foi difícil devido às crianças pequenas, e então o cansaço tomou conta de mim e resolvi parar para poder dar atenção a minha família. Vejo que assim participo mais da educação e espiritualidade deles”, conta.
Mesmo com todas as dificuldades e responsabilidades, elas não deixaram de acompanhar a vida dos seus filhos.
Formar o caráter, estar presente, oferecer a melhor educação e a preocupação de deixar o filho sozinho são algumas das razões para as mulheres decidirem doar seu tempo para os cuidados com a casa e as crianças.
Esse é o exemplo da Lucineia, que combinou com o esposo de deixar o trabalho e o estudo de lado para cuidar exclusivamente dos filhos. “Não gostávamos da ideia de deixá-los com alguém que poderia dar uma educação diferente da nossa”, explica.
“Quando estamos no dia a dia dos filhos, ajudamos eles a serem fortes, disciplinados, amorosos e mais confiantes nas suas decisões”, comenta Regiani.
Arlete demonstra seu orgulho e contentamento.“Eu era uma mãe muito cuidadosa, cuidava muito bem dos meus filhos e soube como educar cada um. Hoje em dia já estão todos com suas vidas, cada um tem sua casa, seu cônjuge e seu emprego”, disse.
Por mais cansativa que seja a vida da mãe que é dona de casa, nada mais prazeroso do que ver os filhos crescendo cada dia e estar ao lado para assistir e participar de todo o processo.
“Os meus filhos são incríveis. Nós, os pais, sempre queremos que os filhos façam exatamente como nós ensinamos, mas nem sempre é assim. Eles têm suas próprias opiniões e personalidades e sou feliz com os meus filhos.” – Regiani Patrícia, 41 anos, mãe de João Vitor, Júlio Cesar, Arthur Miguel e Otávio Vinícios.
“Eu sinto orgulho de ter educado eles muito bem e ter formado eles nas pessoas e nos filhos maravilhosos que eles são, de ter formado um lar e não uma casa.” – Lucineia Goes Santos Silva, 49 anos, mãe de Natália e Natan.
“Eu tinha muito cuidado com eles, mesmo que não nascidos de mim, amava e até hoje eu amo muito eles.” – Arlete Gama Pereira, 84 anos, mãe de Marcelo, Ademar, Maria Janete, Maria Ivone, Maria de Nazaré, Maria Heloisa e Maria Arlete.