CBF altera calendário do futebol para 2026 

Entre as mudanças, o novo formato conta com estaduais menores, Brasileirão mais longo e novas competições. 

Amanda Talita

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou nesta quarta-feira (1º), em evento no Rio de Janeiro, o novo calendário oficial do futebol brasileiro, que será aplicado a partir de 2026 e seguirá até 2028. O pacote de alterações, considerado o mais amplo dos últimos anos, envolve mudanças nos campeonatos estaduais, no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e em competições regionais, além de ajustes nas Séries C e D.

Segundo dirigentes da CBF, o novo modelo busca equilibrar o futebol nacional, tornando as competições mais atrativas para torcedores e patrocinadores, ao mesmo tempo em que oferece planejamento mais claro para clubes, jogadores e federações. “Essas mudanças têm dois motivos e objetivos principais: reduzir a carga de jogos dos times da elite do futebol, que enfrentam maratonas, e ampliar a competição para equipes que passam meses inativas. É uma questão de justiça esportiva e equilíbrio. Ouvimos clubes, federações, representantes do mercado e colaboração de diversas áreas da CBF”, afirmou o presidente da entidade, Samir Xaud, durante o evento.

Estaduais menores e Brasileirão mais longo

Uma das alterações mais significativas refere-se aos campeonatos estaduais. Tradicionalmente disputados por cerca de 16 datas ao longo de três meses, os estaduais passarão a ter 11 datas, mas manterão a duração aproximada de janeiro a março. O calendário indica que os torneios estaduais serão disputados entre 11 de janeiro e 8 de março, permitindo que os clubes tenham mais previsibilidade e reduzindo o número total de partidas de equipes de elite.

O Campeonato Brasileiro, por sua vez, será ampliado. Com início em 28 de janeiro e término em 2 de dezembro, o Brasileirão passará a ocorrer parcialmente concomitantemente aos estaduais, embora a CBF garanta uma semana livre para as finais estaduais, evitando sobreposição direta com rodadas importantes do torneio nacional. A entidade justifica a mudança como uma forma de aumentar o apelo comercial do Brasileirão, ao mesmo tempo em que proporciona maior espaço para planejamento logístico de clubes, jogadores e torcedores.

Atualmente, os clubes da Série A disputam, em média, 67,5 jogos por temporada. Com a redução das datas dos estaduais e a entrada tardia na Copa do Brasil, a estimativa é de que cada clube da elite jogue até nove partidas a menos na temporada. Isso deve contribuir para a diminuição do desgaste físico e a possibilidade de um calendário mais equilibrado ao longo do ano.

Apesar das alterações anunciadas, fontes próximas à CBF informaram à imprensa que algumas federações ainda estudam ajustes pontuais. Por exemplo, a Federação Paulista de Futebol trabalha para manter o Campeonato Paulista com 12 datas, uma a mais do que o previsto pela entidade nacional. A CBF, porém, reforça que a diretriz nacional é limitar os estaduais a 11 datas para garantir o equilíbrio do calendário.

Copa do Brasil: mais participantes e final em jogo único

Uma outra modificação refere-se à Copa do Brasil, que contará com um maior número de clubes participantes. O torneio terá 126 equipes em 2026 e aumentará para 128 em 2027. A alteração visa integrar equipes que anteriormente não possuíam um calendário nacional estabelecido, aumentando a representatividade do campeonato.

Os clubes da Série A só participarão da quinta fase, a última antes das oitavas de final, diminuindo a quantidade de jogos que disputam no começo da temporada. As quatro primeiras etapas serão realizadas em partidas únicas, envolvendo principalmente equipes de menor classificação. A decisão do torneio, que ocorrerá no dia 6 de dezembro, será realizada em um único jogo em um estádio previamente determinado pela CBF, levando em consideração a capacidade, infraestrutura e acesso para os torcedores.

A confederação definiu critérios claros para a seleção do local da final: um estádio com excelente logística de transporte, uma rede hoteleira apropriada, capacidade para acomodar torcedores de ambas as equipes e infraestrutura adequada para um evento de grande escala. Haverá um mês de intervalo entre a semifinal e a final, o que permitirá que os torcedores se preparem para as viagens, adquiram ingressos e organizem a logística.

Novos torneios regionais: Sul-Sudeste, Centro-Oeste e Norte

Dentro do plano de ampliar a competitividade para clubes menores, a CBF anunciou a criação de novos torneios regionais. Entre eles estão a Copa Sul-Sudeste, a Copa Centro-Oeste e o retorno da Copa Norte.

A Copa Sul-Sudeste terá 12 clubes, com duas vagas para cada estado: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A competição será disputada em 10 datas, entre março e junho, e não permitirá a participação de clubes envolvidos em torneios da Conmebol, como Libertadores ou Sul-Americana. O formato prevê divisão em dois grupos de seis clubes, com classificação para fases eliminatórias posteriores.

A Copa Centro-Oeste incluirá clubes do Centro-Oeste e do Espírito Santo, enquanto a Copa Norte será destinada a equipes da região Norte, retomando a tradição da antiga Copa Norte. Já a Copa Verde será dividida em duas conferências regionais: Norte e Centro-Oeste, com os vencedores se enfrentando em final única para definir o campeão.

A Copa do Nordeste, tradicionalmente disputada por 16 clubes, terá 20 participantes a partir de 2026, expandindo a competição e aumentando a visibilidade de clubes fora do eixo da elite. Todos esses torneios regionais foram desenhados para ocupar datas específicas entre março e junho, evitando conflitos com campeonatos nacionais ou internacionais.

Séries C e D: ampliação e reformulação

O novo calendário também prevê mudanças importantes nas divisões inferiores do futebol brasileiro. A Série C terá um aumento gradual de clubes até 2028. Em 2026, apenas dois times serão rebaixados para a Série D, e seis clubes subirão da quarta divisão, chegando a 24 participantes. O mesmo processo continuará nos anos seguintes, atingindo o objetivo de 28 equipes na Série C em 2028.

A Série D, por sua vez, passará de 64 para 96 clubes já em 2026, com inclusão de equipes de menor expressão de todo o país. A medida visa oferecer calendário anual para times que anteriormente jogavam apenas campeonatos estaduais, fortalecendo a base do futebol.

Impactos financeiros e logísticos para clubes e CBF

Com as mudanças, a CBF prevê investimento de R$1,3 bilhão em competições a partir de 2026. O aumento no número de jogos organizados pela entidade será de 11%, com a expectativa de criar mais produtos comerciais e atrair patrocinadores.

Para os clubes da Série A, a redução no número de partidas deve diminuir custos com logística e desgaste físico dos jogadores, enquanto para equipes menores, a inclusão em competições regionais e nacionais representa uma receita extra com bilheteria, patrocínios e mais visibilidade no futebol brasileiro. 

A CBF estima que o custo adicional direto para implementar o novo modelo de calendário seja de aproximadamente R$82 milhões, englobando logística, premiações, estrutura de competições e ajustes administrativos.

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