Com história envolvente, o sucesso da produção se deu por um elemento “a mais”.
Helena Cardoso
Nelson França (Selton Mello) é um detetive que, há 20 anos, ajudou a polícia a prender um serial killer. Agora, após se tornar deficiente visual, conta com a companhia de Bonaparte, seu cão, para seguir as pistas e ir atrás do assassino que parece estar de volta.
Produzida pela Nonsense Creations em parceria com o canal Jovem Nerd e o Spotify, essa audiossérie é inovadora em diversos sentidos. “França e o labirinto”, lançada dia 29 de agosto, é a maior – e primeira – produção inteiramente brasileira de ficção do Spotify. Além disso, ela é a única audiossérie com recurso de áudio binaural (ou 3D) do Brasil.
O que é áudio 3D?
Áudio binaural, também conhecido como 3D, é um recurso que permite que o ouvinte se sinta mais imerso na narrativa e acompanhe a história pela mesma perspectiva do protagonista. Para ter a vivência correta, ele precisa estar usando fones de ouvido com, no mínimo, dois canais (ou seja, estéreo). Em “França e o labirinto”, a ideia parece ainda mais real, já que nada acontece sem que o personagem principal esteja presente.
Deive Pazos, co-fundador do Jovem Nerd, conta que “usar a tecnologia binaural é central para a experiência do podcast. Você está cercado pelos sons do ambiente de Nelson França, isso te coloca na pele dele. […] Essa é a mais imersiva experiência em áudio para contar uma história”. Na prática, isso significa que, se alguém na audiossérie bater em uma porta, vai parecer que estão batendo na porta da sua casa.
Como ele é produzido?
O trabalho para produzir programas com esse tipo de recurso se localiza mais na edição e pós-produção. Nessa série específica, primeiro foram gravadas as falas do ator principal e, em seguida, do resto do elenco. Depois de tudo pronto, os editores juntaram os áudios e acrescentaram o efeito 3D, separando o som em dois canais que se dividem nas saídas de som (ouvido direito e ouvido esquerdo).
Embora existam equipamentos específicos para gravar áudio binaural, a tecnologia atual permite que microfones normais de gravação de podcasts sejam utilizados. Para Camila Justo, executiva do Spotify, “isso faz a gente entender como é possível produzir muita coisa dentro do podcast sem ficar em produções milionárias”, o que pode fazer com que o recurso seja utilizado em mais obras.
Mesmo que a ideia seja que o ouvinte se sinta na pele de Nelson França, nem todos os sons ambientes são adicionados. Deive Pazos explica que o que você vai ouvir foi dosado, sendo acrescentados apenas barulhos de carros, portas e passos. Isso porque, para o diretor, se você ouve tudo, os ruídos acabam atrapalhando a narrativa. Ele frisa que, mais interessante do que isso, é jogar apenas alguns elementos e deixar que o público monte os cenários na própria cabeça.
Opinião dos ouvintes
A produção com roteiro de Leonel Caldela e Fabio Yabu já alcançou grande repercussão. O primeiro episódio, lançado há uma semana, já consta na categoria “muito compartilhado” do Spotify. Além disso, atualmente a audiossérie possui classificação dos ouvintes de 4,9 estrelas.