Cerca de metade do processamento nas empresas do Brasil é feito pela tecnologia.
Gabrielle Ramos
A computação em nuvem, ou cloud computing, em inglês, representa, em média, 42% do processamento nas empresas do Brasil. Esse percentual é inédito nos 34 anos que a Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada é feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGVcia).
Mas se engana quem pensa que essa tecnologia é recente. Em 1997, o termo foi usado pelo professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa, pela primeira vez. “A internet é considerada a primeira forma de computação em nuvem, porque ao acessarmos um site, estamos na verdade acessando um computador remoto que armazena códigos”, explica o engenheiro de dados, Carlos Viana.
O que é computação em nuvem?
A computação em nuvem é uma ferramenta que permite o acesso a recursos computacionais – como servidores, banco de dados, armazenamento e software – por meio da internet. Mas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, esse tipo de nuvem não fica pairando pelo céu, pelo contrário, é um local físico.
De acordo com Edmilson Alves, engenheiro de dados e analista de Business Intelligence, esse acesso é feito por meio da ligação de algum smartphone, computador ou interface a um grande servidor, chamado de “data centers”. Estes são servidores que contam com sistema de refrigeração e energia elétrica específica a fim de armazenar os dados. “Através desse servidor físico, consigo da minha casa acessar um servidor, por exemplo, dos Estados Unidos”, complementa.
Nesse sentido, há várias “pequenas nuvens” ao redor do mundo, que são ligadas por cabo de fibra óptica e algumas vezes, até mesmo ligadas por satélite, a fim de conectar os servidores, explica Carlos Viana.
Motivos para as empresas apostarem nessa tecnologia
Segundo o Relatório de Tendências Globais de Rede 2023, 42% dos entrevistados concordam que a principal motivação para migrar para nuvens privadas ou públicas é o desenvolvimento de aplicativos ágeis e escaláveis. A pesquisa foi lançada pela Cisco e entrevistou mais de 2,5 mil líderes e profissionais globais de TI.
Para Carlos, a computação em nuvem promove benefícios técnicos e profissionais. “Uma empresa que usa essa ferramenta evita ter que instalar na sua própria sede os computadores, não precisa de um profissional que vai cuidar dessas máquinas ou conhecimento técnico para gerar um sistema, pois terceiriza tudo isso para uma empresa especializada em oferecer o serviço em nuvem”, explica.
Além disso, por meio desse serviço, é possível trabalhar de forma remota. “Uma empresa da Bahia pode contratar um profissional que esteja no Rio Grande do Sul, porque ele (o funcionário) simplesmente acessa a grande nuvem que é a internet e consegue trabalhar para sua empresa”, acrescenta o engenheiro.
Até 2025, espera-se que 85% das empresas estejam utilizando computação em nuvem, segundo dados coletados pela Gartner e publicados em 2021. Entretanto, um dos principais desafios para que isso aconteça é a presença de mão de obra qualificada, segundo os especialistas.
Outra questão, é o valor dessa tecnologia ou o gasto excessivo ao adquirir recursos desnecessários dessa ferramenta. “Se o profissional ou a empresa não souber alocar o recurso correto, é possível ter um custo muito alto mensal”, afirma o analista de Business Intelligence.
Uma tecnologia do povo
A computação em nuvem não é útil apenas para grandes empresas, as pessoas também podem usar esse recurso em várias situações do dia a dia, por meio de servidores, armazenamento, redes e programas. “Se eu tenho um computador mais fraquinho, eu posso pagar por um computador em nuvem e através dele rodar programas bem mais pesados que a minha máquina talvez não suportaria, pagando um valor menor”, ilustra Edmilson.
Além disso, ele complementa que a computação em nuvem assegura desempenho e velocidade, já que a tecnologia opera 24 horas por dia. Isso torna extremamente rara a perda de desempenho, uma vez que, caso uma máquina seja desligada, outra é automaticamente alocada no sistema da nuvem.
Outro aspecto relevante é a segurança proporcionada pela atribuição de acessos diferenciados para cada usuário, gerando confiança quanto ao backup dos dados armazenados. “Se todos os seus dados estivessem em um computador e pegasse fogo no local, você perderia toda aquela informação”, exemplifica.
Mas é 100% seguro?
Os engenheiros de dados concordam que a questão da segurança na computação em rede é relativa. Mas que, no geral, é positiva. Pois, grandes empresas, como Google, Microsoft e Amazon, tentam cumprir políticas de segurança relacionadas a crimes cibernéticos a fim de garantir a confiabilidade de seus serviços.
Nesse sentido, elas utilizam diversos mecanismos para garantir a segurança na nuvem, tanto da empresa quanto para o usuário. “A criptografia é uma ferramenta que usamos constantemente, ela permite que a informação viaje de uma ponta a outra de uma maneira ininteligível”, explica Carlos.
Além disso, a utilização de cadastros é uma outra ferramenta para garantir a segurança, pois cria sistema de senhas e diferentes acessos a fim de impedir a entrada de invasores, afirma Edmilson.
Apesar desses recursos, ainda é possível estar vulnerável. Para o engenheiro de dados Carlos, o maior problema da segurança na nuvem é o próprio usuário. Exemplo disso é quando alguém tem as suas senhas roubadas, pois o hacker as utiliza para acessar o sistema.
Concordando, o analista de Business Intelligence ressalta que, infelizmente, existem muitas pessoas e até mesmo empresas falsas que fornecem esses serviços para roubar dados pessoais. “Então é seguro, mas você tem que fazer toda a pesquisa para escolher o melhor servidor pra você”, finaliza.