Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram no ataque de Israel no Líbano, no dia 23 de setembro.
Késia Grigoletto
O confronto entre Israel e Hezbollah traz conflitos em diversos locais do mundo, entre eles o Líbano. Nesse país, vivem milhares de brasileiros, que são impactados direta e indiretamente pelos ataques israelenses. Esse é o caso de Vitor Sotero, que mora no país há mais de um ano e contou sobre o que tem vivido nos últimos dias.
Victor Sotero é diretor de vida estudantil da Middle East University, que está localizada na cidade de Beirute. De acordo com o brasileiro, os rumores começaram por volta de um ano atrás, quando houve um ataque de Israel a Gaza, e, para se mostrar do lado de Gaza, o Líbano atacou Israel. Havia uma tensão contida entre os países desde outubro do ano passado.
“O que virou rotineiro dentro desse período de guerra e conflito são ataques na cidade de Beirute, que não acontecem em toda a cidade. Geralmente, são em bairros específicos ou direcionados a alvos específicos, e, normalmente, Israel avisa a região que deve ser evacuada antes que os ataques sejam feitos”, descreve.
Adaptações ao cenário atual
Victor relata que, em outubro de 2023, quando tudo começou, ele sentiu medo e insegurança, mas que, com a ajuda de moradores que vivem ali desde o nascimento e que já estão habituados a um contexto de conflito, percebeu que as coisas não são tão assustadoras como aparentam ser, pois a guerra tem alvos específicos e planos estratégicos.
“Uma nação sofre não porque o bombardeio vai alcançar todo o país, mas sim porque os cidadãos sentem um pelo outro. No momento, o meu sentimento é de ser humano e de poder ser aquele com quem se pode contar para os que precisam de ajuda, de ser um canal de ajuda no meio do caos”, conta.
Com relação ao lugar em que trabalha, Victor expõe que “a universidade atualmente tem se envolvido com outras instituições da rede adventista em serviço à comunidade, servindo àqueles que estão desabrigados e tornando as aulas remotas pela situação e para que a locomoção seja evitada”.
Impactos no cotidiano
Sobre a população local, o diretor diz que o contexto é de susto e que muitas pessoas estão de luto por terem perdido familiares e amigos. “Então, o que se nota muito no contexto atual, como nação, é o fato de muitos estarem de luto e outros desabrigados”, descreve.
Já na rotina diária de atividades, poucas coisas mudaram. “Os supermercados estão abertos, com comida na prateleira, mas os preços estão subindo. O país passa por uma crise econômica há alguns anos, e agora, com a intensificação da guerra nos últimos meses, os preços ficaram mais caros”, explica.
O confronto
No dia 30 de setembro de 2024, o mundo recebeu a notícia de que o governo de Israel havia bombardeado o Líbano, poucos dias depois de ter assassinado o líder do grupo Hezbollah, Hassan Nasrallah, com um bombardeio ao quartel do grupo na cidade de Beirute.
No dia 23 de setembro, o Ministério da Saúde libanês confirmou 558 mortes provocadas por um bombardeio israelense. Entre os mortos, estavam 94 mulheres e 50 crianças.