Alerta sobre o risco de versões adulteradas de medicamentos e outros tratamentos populares para diabetes que circulam no mercado ilegal.
Amanda Talita
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a identificação da venda de versões falsificadas do Ozempic, medicamento utilizado no tratamento de diabetes tipo 2, e fora das previsões da bula, para a perda de peso. O diabetes é uma das doenças crônicas mais prevalentes no planeta, afeta mais de 500 milhões de pessoas, de acordo com estimativas de organizações.
O aumento da demanda por tratamentos para controlar a doença, fez com que o mercado paralelo de medicamentos falsificados tenha crescido significativamente, comprometendo a saúde de pacientes portadores da patologia. A advertência, é que esses medicamentos falsificados, muitas vezes sem qualquer controle de qualidade e sem comprovação científica de eficácia, podem causar danos irreversíveis à saúde dos pacientes.
A crescente onda de casos registrados no Brasil envolve desde pessoas com diabetes até indivíduos em busca de soluções rápidas para emagrecimento. Tal prática, tem levantado preocupações entre especialistas e até em pessoas que fazem uso contínuo dos medicamentos.
Para o Dr. Rafael Reinehr, endocrinologista, o principal risco é a ausência de fiscalização no processo de criação desses remédios, podendo obter substâncias tóxicas que prejudicam ainda mais o quadro do paciente.
Riscos à saúde
A OMS, no entanto, destaca que o fenômeno não se limita a este produto, mas o surgimento de outros remédios “milagrosos” sendo comercializados ilegalmente, prometendo resultados rápidos e sem comprovação científica.
“Diversas complicações podem surgir com a venda desses medicamentos. Para um paciente em estado crítico de diabetes, a utilização desses medicamentos pode causar descompensação aguda, com risco até de morte. Se o paciente tiver a diabetes um pouco mais controlada, a descompensação será crônica, podendo resultar em retinopatia, cegueira, perda da função renal, neuropatia e aumento das doenças cardiovasculares”, declarou o Dr. Rafael.
O cuidado destinado a esses produtos é que podem conter substâncias ineficazes ou até nocivas, colocando em risco a saúde de milhares de pessoas que buscam uma solução para suas condições de saúde.
Como foi o caso de Raissa Santos, portadora da doença a pouco menos de 3 meses, que ganhou mais de 40 mil seguidores no TikTok, compartilhando sua jornada em busca do tratamento adequado para cuidar do seu corpo. Nas diferentes ocasiões que seus vídeos chegaram a viralizar, diversas mensagens chegaram até ela sendo oferecidos medicamentos “milagrosos”.
“Me senti constrangida. Depois de ver vídeos através das redes sociais, cheguei a conclusão de que os medicamentos não eram verdadeiros e traziam sérios riscos à saúde”, disse ela.
Como identificar um remédio “falso”
O recomendado pela organização é que pacientes com diabetes adquiram medicamentos apenas em fontes confiáveis, como farmácias licenciadas e estabelecimentos regulamentados, evitando sites e vendedores não certificados. Há alguns sinais que podem ajudar a identificar medicamentos falsificados.
Primeiramente, é importante observar o preço: se o valor do medicamento for significativamente mais baixo do que o praticado no mercado, pode ser um indicativo de que o produto não é legítimo. Além disso, a embalagem deve ser analisada cuidadosamente. Falsificações frequentemente têm embalagens mal feitas, com falhas de impressão, textos ilegíveis ou informações incompletas sobre o fabricante e a origem do produto.
Outro sinal de alerta é a aparência do medicamento. Se o comprimido ou frasco parecer diferente em cor, tamanho ou forma do habitual, isso pode indicar que o produto não é original. Além disso, é importante verificar se o medicamento está registrado nos órgãos de saúde competentes, como a ANVISA no Brasil, para garantir que o produto tenha passado por testes de qualidade e segurança.
Assim como Raissa, que verbalizou o costume de procurar profissionais que sejam muito bem recomendados e que sejam confiáveis. “Procuro sempre pesquisar para que não caia em lugares errados”, completou.
Ações contra o mercado ilegal
“O principal papel do médico e da OMS é trazer educação para ser do entendimento de todos os que utilizam desses serviços. A recomendação é que os pacientes que sofrem de diabetes consultem sempre um profissional de saúde antes de iniciar ou mudar qualquer tratamento”, disse Tedros Adhanom, presidente da OMS. A organização também pediu aos governos que intensifiquem a fiscalização e a regulamentação do mercado de medicamentos, bem como promovam campanhas de conscientização sobre os riscos da automedicação e da compra de medicamentos em fontes não autorizadas.
Em reforço ao que foi apresentado, a prevenção de doenças como a diabetes exige uma abordagem integrada, que inclua não apenas o acesso a medicamentos seguros, mas também políticas públicas voltadas à promoção da saúde e ao controle efetivo da doença.