No quarto trimestre de 2024, o Brasil atingiu o recorde de 10,35 milhões de mulheres empreendedoras.
Luisa Oliveira
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) divulgou no dia 10 de março, uma pesquisa referente ao aumento da abertura de empresas por mulheres nos últimos 12 anos. Os dados foram divulgados neste mês das mulheres, reforçando a importância desse crescimento.
Atualmente, o Brasil possui um total de 30,4 milhões de donos de negócio, sendo que 10,4 milhões são mulheres, representando assim 34,21% dos donos de negócio brasileiros, recorde na série, que representa 42% de crescimento desde 2012. Considerando que, as mulheres representam 51,7% da população brasileira em idade ativa (idade maior ou igual a 14 anos), apenas 11,3% são empreendedoras.
Qual perfil demográfico das mulheres donas de negócio?
Do total de mulheres brasileiras empreendedoras, 72,4% têm o ensino médio completo ou mais. 51,8% estão na faixa etária de 30 a 49 anos e mais da metade (52,3%) são chefes de domicílio. Além disso, 45% delas residem no sudeste.
Pouco mais da metade das mulheres donas de negócio são negras, representando 50,4%. Destas, 42,6% têm o ensino médio completo, e apenas 22,8% possuem o ensino superior incompleto ou mais. Ademais, 55,8% delas são chefes de domicílio e 30,9% são cônjuges.
Os 48,2% restantes das mulheres brasileiras empreendedoras são brancas. Destas, 46,6% têm ensino superior incompleto ou mais, e 33,2% têm o ensino médio completo. Além disso, 48,6% são chefes de domicílio e 37,4% são cônjuges.
Em quais setores atuam as mulheres donas de negócio?
No Brasil, a maioria das mulheres donas de negócios, cerca de 87,5%, trabalha por conta própria, destacando-se principalmente nos setores de Serviços e Comércio. Dentre elas, 56,8% atuam no setor de Serviços e Estética, enquanto 25,1% estão no Comércio.
Porque o empreendedorismo feminino tem crescido tanto no Brasil ?
Nos últimos anos, o empreendedorismo feminino tem ganhado força no Brasil, impulsionado por uma série de fatores que variam de acordo com a experiência de cada mulher. De acordo com três empreendedoras de diferentes áreas de trabalho, esse crescimento se deve à maior confiança das mulheres em suas habilidades, ao avanço das oportunidades de financiamento e à crescente busca por maior autonomia e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Keila Ribeiro, assessora de eventos e cerimonialista, relata que seu início no empreendedorismo foi motivado por desafios e discriminação no emprego anterior. “Comecei numa sociedade depois de passar anos como CLT e sofrer discriminações dentro da empresa”, afirma. Após dois anos, decidiu seguir sozinha e é dona de seu negócio há 14 anos.
Raquel Moreira, professora de nanopigmentação, explica que sua trajetória começou após uma estafa nervosa e depressão. “Fui CLT por muitos anos… depois de identificar o problema, me inscrevi em um curso de Design de Sobrancelhas”, diz. Hoje, ela conquistou autonomia nos horários e a independência financeira. “Ao realizar um trabalho sério e com qualidade, conquistei respeito e admiração das clientes e alunas. Além disso, posso participar mais ativamente na vida do meu filho”, explica.
O motivo de Elaine Miranda, educadora de nail design, já foi um pouco diferente, pois foi o sorriso de suas clientes que a levou a trabalhar por conta própria. “Quando eu fazia a unha das mulheres e via o sorriso delas, algo despertou em mim”, relatou a profissional.
A empreendedora começou a trabalhar aos nove anos de idade para ajudar sua família em casa. Como consequência, Elaine nunca trabalhou como CLT, mas afirma ter enfrentado diversas dificuldades. “De uma forma ou de outra, o preconceito que recebi acabou me impulsionando a buscar algo maior, onde eu pudesse transformar a vida de outras mulheres”, acredita. Hoje, Elaine oferece cursos presenciais e online sobre nail design.
Conselhos para mulheres que desejam empreender
A professora Paula Fernandes, que leciona nos cursos de Administração e Comunicação Social no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), acredita que a mulher deve investir naquilo que ela gosta e sabe fazer bem. Ela também indica investir em nichos de mercado. “Invista em nichos de mercado que não possuem alta competitividade”, orienta.
O planejamento também é fundamental para os sucesso, e de acordo com Paula, um bom plano de negócios aumenta em 60% a chance de sucesso. Além disso, a presença na internet também potencializa o negócio. “Esteja presente na internet, com o e-commerce e com as redes sociais”, finaliza.