Anvisa proíbe 159 produtos capilares de circularem no mercado

In Geral, Saúde

Em casos mais graves pode haver perda permanente da visão.

Príscilla Melo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anula em todo o país, desde o dia 26 de fevereiro, mais de 112 pomadas de fixação e modelagem de cabelos. A anulação já afetou mais de 47 produtos capilares. Assim, o número de pomadas modeladoras anuladas por não atenderem aos padrões instituídos pela agência já somaram 159.

De acordo com a Anvisa, a decisão tem vigência instantânea e os itens envolvidos não podem mais estar em circulação no comércio. 

Motivos da proibição

Segundo a agência, os produtos capilares foram barrados porque as instituições responsáveis não atenderam às imposições determinadas pela RDC 814/2023 dentro do tempo estabelecido.

Apesar desses produtos já terem sido regularizados previamente através de notificação, necessitavam se adaptar às novas regras para prosseguir circulando normalmente no mercado.

A regulamentação estabelece que todas as empresas que registraram produtos por meio de notificação no Sistema de Automação de Registro (SGAS) antes de 15 de setembro de 2023 deveriam realizar a atualização da regularização até 31 de dezembro de 2024.

Para cumprir com a exigência, era preciso fornecer diversos documentos, como a licença sanitária válida ou o comprovante de solicitação da licença, a arte do rótulo com as instruções completas de uso e as advertências obrigatórias, além de uma declaração assinada digitalmente confirmando a segurança do produto.

Uma vez que essas condições não foram atendidas dentro da data determinada, a Anvisa revogou a regularização dos produtos, conforme o disposto no artigo 6º da RDC 814/2023. Dessa forma, as pomadas ficam impedidas de ser comercializadas até que as questões pendentes sejam resolvidas e um novo procedimento de regularização seja concluído.

A Anvisa disponibilizou uma lista contendo os nomes das marcas de produtos que estão autorizados para serem usados pela população. Qualquer item que não esteja nessa lista está proibido.

Compreenda os efeitos que as pomadas podem ter nos olhos

Segundo o médico oftalmologista, André Lazzeti Sigueta, a proibição de géis e pomadas pela Anvisa ocorreu devido à presença de contaminantes ou substâncias que podem causar toxicidade ocular. Um dos principais riscos é a ceratite tóxica, uma inflamação da córnea desencadeada por substâncias irritantes ou contaminadas. Isso pode levar a sintomas como dor intensa, hiperemia conjuntival (vermelhidão dos olhos), fotofobia (sensibilidade excessiva à luz) e lacrimejamento abundante. 

Em casos mais graves, pode haver formação de úlceras corneanas (ferida aberta na córnea), aumentando o risco de infecção secundária e perda permanente da visão. 

Outro efeito adverso possível é a uveíte química, uma inflamação da úvea desencadeada pelo contato com substâncias nocivas. A uveíte pode provocar turvação visual (diminuição da nitidez da visão), dor ocular e até aumento da pressão intraocular (medida usada para analisar a tensão dos olhos), predispondo ao glaucoma secundário (que ocorrem como efeito colateral de outra condição).

Dependendo da toxicidade do produto, a inflamação pode se estender para estruturas próximas, como a retina e o nervo óptico, podendo resultar em neurite óptica tóxica (inflamação do nervo óptico, devido a exposição à toxinas), caracterizada por perda visual progressiva e redução da acuidade visual (capacidade de enxergar com nitidez).

Como se prevenir e cuidar da saúde ocular

O doutor André instrui as pessoas a usarem sempre os produtos regulares. ‘‘Para garantir a segurança ocular, é essencial utilizar apenas produtos oftalmológicos regulamentados e aprovados por órgãos de vigilância sanitária, como a Anvisa’’, ressalta. 

A higiene ocular também é um fator crucial na prevenção de complicações. Lavar as mãos antes de entrar em contato com os olhos, aplicar qualquer medicamento ou manusear lentes de contato reduz o risco de infecções, como conjuntivites e ceratites bacterianas. 

O oftalmologista ainda diz que “manter exames oftalmológicos regulares é essencial para diagnosticar e tratar precocemente doenças oculares, garantindo a saúde e a qualidade da visão ao longo da vida.”

A estudante universitária Eyshilla Olimpio, que é usuária frequente de géis de cabelo, demonstrou preocupação ao notar que os produtos que utiliza regularmente não estão presentes na lista de produtos autorizados pela Anvisa e também por não saber quais produtos sua cabeleireira utiliza. ‘‘Hoje estou usando tranças, a trancista usou muito gel quando fez elas, agora estou preocupada porque não sei se o gel que ela usou está autorizado ou não”, conta.

A estudante declarou que apesar da proibição, não deixará de usar os produtos capilares que estão presentes na sua rotina. Entretanto, diante das recomendações médicas vai fazer adaptações. ‘‘É algo muito sério. De agora em diante vou tomar mais cuidado quando for lavar o cabelo, vou evitar ao máximo o contato com os olhos e quando for comprar novos produtos vou verificar antes se estão autorizados pela Anvisa”, finaliza.

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