Acordos assinados por mais de cem países prevêem diminuir a emissão de gases de efeito estufa e zerar o desmatamento ilegal de florestas até 2030.
Rayne Sá
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática (COP26) aconteceu entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia. A COP26 reuniu cerca de 200 países com o objetivo de negociar ações efetivas para o cumprimento do Acordo de Paris, aprovado em 2015 para conter as mudanças climáticas. O Brasil encerrou sua participação na Cúpula do Clima com acordos e compromissos firmados para a preservação da área ambiental.
O ministro do Meio-Ambiente, Joaquim Leite, se pronunciou, à distância, aos líderes globais na segunda-feira (01/11). Em sua fala, o ministro reiterou as ações do governo brasileiro na preservação do meio ambiente, destacou alguns compromissos para a área ambiental e anunciou a nova meta que irá compor a Contribuição Nacional Determinada (NDC). “O Brasil como ator chave nas negociações fez movimentos importantes durante os primeiros dias e anunciamos metas climáticas ainda mais ambiciosas”, afirmou o ministro e também anunciou o comprometimento do governo em aumentar a meta de redução de gases poluentes de 43% para 50% até 2030.
No mesmo anúncio, Joaquim Leite também afirmou que o governo buscará ações para atingir a neutralidade climática até 2050, zerar o desmatamento ilegal até 2028 e apoiar à redução global do metano. “De forma proativa, demos claros sinais de que o Brasil é parte da solução para superar esse desafio global de redução de emissões”, finaliza.
Um dos objetivos da 26º Conferência das Partes é atingir a neutralidade do carbono, isto é, zerar as emissões de carbono até 2050, e conter o aumento da temperatura média global. A meta apresentada pela COP26 é de 1,5 ºC, e para que isso aconteça é preciso que todos os países cumpram os acordos vigentes.
Para Bruno Araújo, geógrafo e ambientalista, o Brasil sempre foi uma grande referência nas discussões ambientais ao longo da história. “O Brasil sempre se colocou como defensor do meio ambiente, como defensor do respeito às populações tradicionais, apesar de ao longo da sua história, sempre violar esses direitos e ter taxas de desmatamento bastante altas. Mas pra fora, internacionalmente, o Brasil sempre foi reconhecido como um país que levava essas discussões à sério”, explica o especialista.
De acordo com Araújo, os acordos firmados são interessantes, mas do ponto de vista do discurso, essa COP foi um tanto diferente das outras. “Nesta COP, o documento final traz as palavras ‘combustíveis fósseis’, o que nunca tinha acontecido. Produziu-se acordos sobre a utilização do carvão interessantes, que no final, quando o acordo estava fechado para a eliminação do uso de carvão na produção de energia, a China e a Índia, propuseram trocar a palavra ‘eliminação’, por ‘redução’, o que enfraqueceu um pouco o acordo,” neste sentido, ele explica que mesmo com a mudança, o acordo continua sendo muito importante.