A Argentina ocupa o segundo lugar no ranking e o México o terceiro.
Luiza Strapassan
O Brasil lidera o ranking latino-americano de reprodução assistida. Segundo a Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida, nos últimos 25 anos, 83 mil bebês brasileiros nasceram pela fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial. A tendência é que o setor cresça em até 26% por ano até 2026.
De acordo com a SisEmbrio (Sistema Nacional de Produção de Embriões), a fertilização in vitro é um procedimento de reprodução assistida (RHA), no qual a mulher é submetida à produção (ao estímulo ovariano) e retirada de oócitos (células reprodutivas femininas) para a reprodução especializada.
Segundo o SBRA (Associação Brasileira de Reprodução Assistida), o crescimento pela procura da fertilização se deu devido ao aumento de pessoas com dificuldades para engravidar. Como caso de pessoas solteiras, casais heterosexuais inférteis, homoafetivos, transgêneros, entre outros.
Hoje, o Brasil movimenta R$1,3 bilhão e deve chegar a R$3 bilhões na indústria da reprodução assistida até 2026, dizem especialistas da Redirection, empresa que financia transações financeiras internacionais.
Aspectos emocionais e físicos
Mas além do dinheiro envolvido nos procedimentos, esse e outros métodos de reprodução assistida exigem um pouco mais. Fabiana Rocha, enfermeira obstetra, explica que a preparação para a FIV envolve aspectos emocionais e físicos. No primeiro aspecto, é muito importante estar dentro de um relacionamento seguro e estável, no qual os dois estejam participando juntos, assumindo tudo em comum acordo e com pensamento positivo.
Já no aspecto físico, os profissionais irão repor os micronutrientes e fazer os exames necessários, porém, está nas mãos do casal a mudança de rotina. Como buscar uma vida mais saudável, com: alimentação mais natural possível, atividade física e sono regular.
“O homem também precisa se preparar, principalmente se ele for o doador do espermatozoide, pois homens com estilo de vida saudável tem espermatozoides com melhor qualidade e mais chances de fecundação. Mulheres com peso ideal também são mais propensas a engravidar e a ter gestações saudáveis comparado às mulheres acima do peso”, alerta.
Desafio individual
Além do lado profissional, Fabiana realizou a fertilização in vitro, que deu fruto ao seu primeiro filho. “Passei por uma longa caminhada até descobrir que eu e meu esposo tínhamos infertilidade conjugal. Fomos em vários profissionais e recebemos muitas informações trocadas, um deles chegou a dizer que nunca conseguiríamos ter um filho nosso, que a única solução seria a adoção”, afirma.
O marido de Fabiana recebeu o diagnóstico de agenesia de ducto deferente (obstrução dos canais que realizam o transporte dos espermatozoides do testículo para a uretra). “Ele possui espermatozoides, porém não são ejetados, e consequentemente são considerados imaturos”, explica Fabiana. No caso dessa doença, a FIV é a única opção para ter filhos biológicos.
Quem é o culpado?
Fabiana detalha que quando um casal não pode ter filhos, independente se a mulher ou o homem a razão dessa dificuldade, o casal é considerado infértil. Ela conta que ao viver o processo, muitas pessoas perguntavam sobre quem não podia ter filhos e ela sempre respondia que ambos não podiam.
“É muito difícil lidar com isso, a infertilidade é algo muito doloroso para o casal e sobrecarrega muito emocionalmente, principalmente aquela pessoa que é ‘responsável’ pela infertilidade conjugal. As pessoas precisam entender que o casal é infértil”, reforça.