Pesquisa do IBGE aponta que a participação das mulheres em cargos de diretores e gerentes é de 41,8% e seu rendimento médio correspondia a 71,3% do recebido pelos homens
Sara Helane
Apesar das conquistas trabalhistas adquiridas ao longo do tempo, mulheres ainda enfrentam desafios por atuarem em espaços profissionais predominados por homens. O mês de março é utilizado para homenagear mulheres, no dia 8 cartazes, lembretes e flores são espalhados por muitas cidades para enfatizar as lutas e conquistas trabalhistas que ocorreram na história. Apesar das comemorações, a presença feminina ainda é vista com inferioridade profissional e intelectual quando comparada ao gênero masculino.
Elivania Carvalho, técnica de segurança, adverte que o gênero masculino é, muitas vezes, priorizado dentro das empresas de construção civil no estado do Piauí. Ela explica que vê uma diferença no tratamento entre os funcionários homens e mulheres. “A empresa tem até certa prioridade em contratar mulheres para serem técnicas, mas ainda temos dificuldade em lidar com os mestres e com os encarregados, por conta de sermos mulheres.” ela confessa.
Uma pesquisa de 2019 realizada pelo IBGE aponta que a participação das mulheres era maior entre os serviços domésticos em geral, Professores do Ensino fundamental , serviços de limpeza de interior de edifícios, escritórios, hotéis e outros estabelecimentos (74,9%) e em centrais de atendimento. O estudo também evidencia que no grupo de Diretores e gerentes, as mulheres tinham participação de 41,8% e seu rendimento médio correspondia a 71,3% do recebido pelos homens (R $6.216). Já entre os profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres tinham participação majoritária (63,0%), mas recebiam 64,8% do rendimento dos homens.
Maria Paula França, mestranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte enfatiza que “apesar de mulheres estarem inseridas nesses ambientes, não significa que as mesmas estejam perto da equidade de gênero, pois elas ainda carregam o peso desta disparidade nas costas”.
A desigualdade, que Maria apresenta, diz respeito à inserção das mulheres em locais de trabalho predominados por homens, onde há uma discrepância na valorização dos cargos em relação à liderança e questões salariais.
Elivania desabafa sobre a desigualdade salarial que existe na empresa em que trabalha. “Engenheiras mulheres têm um salário menor que o dos homens, apesar de estarem na mesma função, e as técnicas não têm autonomia para atuar, e quando têm, depende muito dos seus superiores”, confessa.
Maria Paula explica que as mulheres buscam maneiras de dialogar sobre a relação do mercado de trabalho e a mulher. Ela também salienta que os movimentos feministas e alguns partidos políticos buscam no seio da sua organização pensar na participação da mulher nos mais diversos ambientes. Apesar das lutas e desafios enfrentados por muitas mulheres, atualmente existem grupos que visam a conquista dos direitos ainda negligenciados a estas profissionais.