Desperdício cultural: um terço dos alimentos vai ao lixo

In Economia, Geral, Saúde

O desperdício ocorre em todas as fases da cadeia alimentar, desde a produção até o consumo final. 

Pamela Piassa 

Aproximadamente 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, resultando em uma perda econômica de 940 bilhões de dólares e graves impactos ambientais, afirma relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).

O desperdício de alimentos contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Alimentos que não são consumidos e acabam em aterros geram metano, um potente gás de efeito estufa. Além disso, a produção de alimentos desperdiçados utiliza recursos valiosos, como água, terra e energia.

Segundo dados do IBGE, aproximadamente 30% dos alimentos produzidos no Brasil são jogados fora, o que piora ainda mais a situação da fome no país, afetando 33,1 milhões de brasileiros diariamente. A crise econômica e política, acentuada pela pandemia, fez com que muitas pessoas voltassem a enfrentar a insegurança alimentar, agravando essa triste realidade.

Investigando as causas 

Um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), revelou que a principal causa do desperdício de alimentos no Brasil está na falta de comunicação entre produtores e supermercados. A pesquisa identificou que a ausência de informações sobre a demanda e vendas esperadas resulta em excesso de produtos, que muitas vezes são descartados devido à má gestão dos estoques e a dificuldade em ajustar a produção. 

O engenheiro ambiental, André Henrique, ressalta que o desperdício, de certa forma, é cultural. Isso acontece porque a maioria das prefeituras adquire a cesta verde dos produtores rurais da cidade. O produtor se cadastra, a prefeitura compra e o CRAS distribui para famílias carentes. Assim, mesmo que toda a produção agrícola do Brasil fosse doada, ainda haveria desperdício entre as populações de baixa renda. 

“O que precisamos é de ensino e treinamento adequados para essa população, para que saibam como manusear e aproveitar os alimentos de maneira correta. Não adianta apenas distribuir, é essencial investir em educação e capacitação para evitar o desperdício”, enfatiza o especialista. 

O papel da tecnologia no combate ao desperdício

André Henrique observa que “as tecnologias emergentes fazem parte do desenvolvimento, melhoria da logística e treinamento de pessoal, que é um grande gargalo.” Por isso, não adianta desenvolver novas tecnologias se os funcionários não souberem usá-las.

Essa visão destaca que, embora as tecnologias emergentes possam ajudar significativamente na redução do desperdício de alimentos, sua eficácia está atrelada à correta implementação e ao treinamento dos funcionários. 

Para ajudar na gestão do desperdício, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) desenvolveu o aplicativo “Food Loss and Waste Protocol” , com o objetivo de monitorar e avaliar a perda de alimentos globalmente. 

Este aplicativo fornece uma metodologia padronizada para medir perdas e desperdícios, ajudando a coletar e compartilhar dados para apoiar a formulação de estratégias eficazes de redução. Por meio dessa ferramenta, a FAO visa melhorar a análise e promover práticas mais sustentáveis na gestão de alimentos.

Como evitar o desperdício:

A nutricionista, Michelle Fernandes, compartilha algumas dicas para minimizar o desperdício de alimentos nas casas, incentivando assim, a compra consciente e o uso integral dos ingredientes. 

  • Tenha um planejamento de compras mensal e outro semanal. Para o mês podem ser comprados alimentos não perecíveis, para a semana alimentos perecíveis como frutas, verduras e legumes. Saia com a lista nas quantidades diárias da família já préestabelecidas;
  • Ao chegar ao mercado vá direto aos locais e siga a lista, evitando comprar em excesso e desperdiçar depois;
  • Em casa, guarde os alimentos de forma organizada, visualizando tudo o que foi comprado.
  • Frutas, verduras e legumes podem ser congelados se sobrar, para serem usados depois ou em novas receitas, desde que sejam guardados de maneira segura;
  • Use os alimentos de forma integral, pois muitos deles podem ser transformados em maravilhosas receitas. Por exemplo, as folhas de couve, cujos talos podem ser adicionados a farofas e sopas.

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