Dentre os três tipos de enxaqueca, a com aura é a que se caracteriza pelas alterações sensoriais.
Isabella Maciel
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica, cuja principal característica é a dor de cabeça de intensidade variada, muitas vezes acompanhada de náuseas e sensibilidade à luz e ao som. Segundo o portal Drauzio, a aura é uma manifestação clínica que antecede a enxaqueca, que afeta 25% dos portadores.
A enxaqueca com aura se caracteriza por pontos, riscos e “zigue-zagues” luminosos, pontos pretos ou até mesmo falhas na visão, estes sintomas vão “caminhando pelo campo visual”.
A aura costuma durar de 5 a 60 minutos, depois do que esses sintomas desaparecem, sobrando a dor de cabeça da enxaqueca que dura de 4 horas ou mais, sem tratamento.
O neurologista Antônio Cezar, especialista em enxaqueca explica que o mecanismo neurofisiológico que provoca a aura é chamada de “depressão alastrante cortical”.
Isabela Colli, portadora da enxaqueca com aura, conta que não consegue se acostumar com a dor da enxaqueca e que a dor chega a ser nível 10. “Se eu não tomar o remédio a tempo e a dor vir, eu preciso me isolar, ficar quieta e fazer muita compressa gelada, tomo dose dupla do remédio e fico sofrendo com a dor até dormir porque a dor não passa”, destaca.
Em uma parcela dos pacientes, são apresentados os sintomas visuais, sintomas sensitivos com sensação de formigamento e dormência em um lado do corpo, ou num braço, na face. Ocasionalmente alguns pacientes apresentam dificuldade para falar ou articular palavras, explica o dr. Antônio.
Fatores de risco
A enxaqueca é um problema com forte fator genético, ou seja, a pessoa já nasce com tendência a sofrer de enxaqueca, as crises podem ter desencadeantes, mas não obrigatoriamente em todas as pessoas.
Os fatores de risco mais comuns são estresse, ansiedade, calor, sol quente, menstruação, exercício físico, jejum prolongado, perda ou excesso de sono, alimentos (vinho tinto e outras bebidas alcoólicas, frituras, embutidos, derivados do leite, chocolate, glutamato monossódico), abuso de cafeína (em bebidas ou mesmo analgésicos contendo cafeína) e abuso de analgésicos em geral.
A aura da enxaqueca pode aparecer em 1/4 dos pacientes enxaquecosos, não obrigatoriamente em todas as crises de dor. A enxaqueca afeta 18 a 20% das mulheres e aproximadamente 6 a 7% dos homens, com a frequência variada. “Tem pessoas que podem sofrer crises 1 a 2 vezes por ano e outras têm enxaqueca todos os dias”, afirma o doutor Antônio Cezar.
É importante o paciente se conscientizar que o abuso de analgésicos e da cafeína, que normalmente aliviam a dor, se tomados em excesso ocasiona uma piora da dor por mecanismo rebote. Existem limites para a quantidade de analgésicos a serem tomados por semana, por isso é necessário procurar um especialista.
Como tratar
O Dr. Antônio conta que a aura da enxaqueca não pode ser tratada. “Mesmo porque quase sempre desaparece em até 20 minutos. O que se pode tratar é a dor de cabeça propriamente dita com diversos medicamentos analgésicos, alguns específicos para a dor da enxaqueca como os ergotamínicos e os triptanos”, explica.
Isabela conta que quando percebe a manchinha surgindo na visão, que é o primeiro sintoma da aura, é preciso tomar remédio na hora. “O remédio não corta o episódio da aura, mas quando eu tomo e a aura passa não vem a enxaqueca”, ressalta.
O Dr Antônio explica que, “quando a enxaqueca aparece por 4 ou mais dias por mês, está indicado o tratamento profilático ou preventivo, que é feito com medicamentos de uso diário e que não são analgésicos.” Para o especialista, o tratamento de primeira linha é feito com alguns antidepressivos, anticonvulsivantes, beta-bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, aplicações de toxina botulínica no crânio e anticorpos monoclonais. Além disso, é fundamental buscar um especialista, que vai indicar o melhor tratamento em cada caso.