Geração Z e o sumiço das postagens nas redes sociais 

In Cultura, Geral

A geração Z tem adotado novos hábitos na internet reduzindo o uso das mídias sociais.

Vefiola Shaka

Já parou para ver as suas postagens arquivadas nas redes sociais depois de muito tempo? Uma roupa que não combinou, um corte de cabelo ou um texto que não se identifica mais são algumas das muitas razões que fazem os jovens da nova geração arquivar e publicar menos conteúdo. 

Alguns influencers estão explicando o porquê dessa decisão no Tik Tok dizendo que este fenômeno tem a ver com a edição das imagens. Seja isso para deixar o nariz fino, aumentar a boca ou para definir a cintura. Uma combinação de busca por privacidade, bem-estar, e uma reação ao excesso de exposição.

Principais razões do desaparecimento ou a diminuição das postagens 

A especialista em marketing e influencer Leide Mendonça conta que durante muitas observações ela está percebendo que as pessoas estão cada vez mais conscientes sobre o que compartilham online e com quem. Este fenômeno acontece entre os mais jovens, que estão muito preocupados com a maneira que suas informações podem ser usadas no futuro.

”Além da questão de consciência, tem a parte da saúde mental. A pressão para parecer perfeito o tempo todo pode ser realmente exaustiva. Já conversei com algumas pessoas que me disseram que preferem se afastar das postagens para evitar essa ansiedade de ter que estar sempre bem, sempre feliz”, explica.

Neste jogo de aparecer ou desaparecer que as redes sociais proporcionam, tem um crescente de aumentos de crise de ansiedade. “Quando publicamos alguma coisa ficamos na expectativa de ver as curtidas, e visualizações. Tem todo um investimento nas plataformas digitais como se elas fossem uma espécie de substituto dos laços sociais”, conta a psicóloga e psicanalista Tatiana Vidotti.

A Tatiana conta que com o vazamento dos dados os jovens se perguntaram sobre a necessidade de colocar o email ou dados pessoais. Normalmente isso não gera transtornos, mas quando gera vira algo muito grave que deixa efeitos psíquicos de uma extrema desconfiança a tudo. 

Enquanto isso, Elvis Mendes é um estudante de Direito que escolheu não ter muitas publicações para ter uma vida privada nas redes sociais, sem a pressão das pessoas. O jovem tende a compartilhar poucas coisas no Instagram relacionado aos interesses dele. “Manter o meu perfil mais reservado não interfere nas minhas amizades ou nas minhas relações familiares. Isso me ajuda a ficar menos nas redes sociais e curtir mais a vida”, confessa.

Grid Zero

A geração Z está crescendo em uma era muito pública, mas eles tem aversão a permanência e as pegadas digitais. O espaço usado pelos mais velhos para explorar, ser engraçado e se descobrir não está sendo usado mais com a mesma intenção. Isso não quer dizer que a juventude está desligada das redes sociais mas que eles estão usando de modo mais discreto.                                                                                                                      

Esse fenômeno é chamado de “Grid Zero”, explicando o feed vazio, com mais coisas temporárias como stories, e mais mensagens no direct. Essa escolha por perfis mais privados têm a ver com um certo cuidado do que expõe ao outro, que quer que outro saiba de você e o conteúdo temporário tem a ver pensamentos ou momentos diferentes.

Conteúdo efêmero e interativo

Stories e vídeos ao vivo oferecem a sensação de ‘tempo real’, de algo mais autêntico, menos editado. É como se os usuários estivessem compartilhando um momento com amigos próximos, sem a necessidade de parecer perfeito. A especialista de marketing explica que é mais possível interagir com o público imediatamente, responder perguntas na hora, criar uma conexão mais próxima, gerando um engajamento que uma postagem tradicional, mais estática, dificilmente consegue alcançar.

“O conteúdo efêmero cria esse senso de urgência – se você não ver agora, vai perder. Isso faz com que as pessoas prestem mais atenção. É quase como um ‘evento’ acontecendo ali, que você não quer perder”, menciona Leide. A valorização do conteúdo efêmero e interativo é uma resposta natural à necessidade de autenticidade, conexão e dinamismo que as pessoas estão buscando nas redes sociais hoje. ‘’Hoje a pessoa está no show da Sepultura e amanhã vai estar escutando Usher, isso não fala de uma incoerência da sua pessoa mas de um momento que está sendo vivido”, explica a psicóloga Tatiana.

O que acontece com as grandes marcas?

A mudança no comportamento das pessoas nas redes sociais está fazendo com que as grandes marcas repensem suas estratégias de marketing, se adaptando de várias maneiras para lidar com o público que prefere ficar mais “low profile”.

Está sendo deixado de lado a ideia de usar apenas rostos conhecidos ou influenciadores de grande visibilidade para promover seus produtos. Em vez disso, tem investimento em conteúdo que não depende tanto de exposição pessoal, por exemplo, campanhas focadas mais em experiências, em storytelling, e menos em rostos ou nomes famosos.

Leide comentou que as empresas estão apostando em avatares e personagens digitais e que isso tem ganhado força, porque permite que as pessoas interajam com a marca sem sentir que estão colocando suas próprias imagens ou identidades em jogo.

“No fim das contas, o que eu vejo é que as grandes marcas estão se tornando mais flexíveis e criativas. Elas entenderam que, para continuar relevantes, precisam respeitar as novas expectativas dos consumidores em termos de privacidade e autenticidade”, pondera. Ela explica isso é algo que está mudando a forma como o marketing é feito, tornando-o mais centrado no consumidor e menos invasivo.

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