Profissionais de saúde explicam a importância deste serviço.
Cristina Levano
Uma pesquisa realizada pela empresa educativa Pearson mostrou que 96% dos pais gostariam que as escolas oferecessem serviços de saúde mental gratuitos aos estudantes brasileiros.
Dos pais entrevistados, 93% reclamaram que os colégios deveriam exercer um papel mais importante na formação dos seus filhos. Eles disseram estar inclinados a escolher universidades, para si mesmos, ou para seus filhos, que se preocupam com a saúde mental dos seus alunos.
O estudo foi realizado com as declarações de mais de oito mil pessoas do Brasil, China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Nos cinco países, a vontade de receber o serviço é de 92%, sendo a preocupação dos brasileiros maior do que a média global.
A psicologia oferece inúmeras possibilidades de intervenção, não somente com o atendimento psicológico clínico, mas principalmente no contexto escolar. Débora Duarte, psicóloga especialista em saúde de adolescentes, acredita que no contexto escolar, ações de promoção e prevenção de saúde, como rodas e dinâmicas em grupo, buscando a reflexão e psicoeducação dos diversos temas, podem ser mais interessantes e eficazes.
De igual forma, a psicóloga deixa claro que “estratégias de acolhimento e escuta mais individualizadas também podem ser realizadas”. Ela destaca o uso de metodologias como o Plantão Psicológico, pois “é importante fortalecer fluxos para encaminhamentos à saúde daqueles que precisarem do acompanhamento clínico individualizado”, explica.
Importância do serviço
Em 17 de março deste ano, foi promulgada a LEI Nº 18.354, que institui a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. Devido a isto, diversas escolas (entre públicas e privadas) disponibilizam o serviço de suporte psicológico, mas não de atendimento psicológico, duas modalidades diferentes.
A neuropsicopedagoga Glauce Bernardes explica que “na verdade, a função do psicopedagogo e do neuropsicopedagogo vem para fazer esse tipo de intervenções comportamentais individualmente”.
Ela conta que, infelizmente, o profissional não é valorizado e pode até ser mal visto nas escolas. “Por exemplo, quando você fala para os pais ‘eu vou tirar o seu filho 30 minutos para fazer uma intervenção no horário de aula’, ficam ‘ah, mas meu filho vai perder conteúdo?’ Mas o que adianta seu filho ficar numa sala onde tem trinta crianças que ele não consegue aprender? Por isso vem um profissional habilitado e capacitado para isso e retira”, relata.
É importante entender que somos seres integrais, e se um aspecto da nossa vida não vai muito bem, é provável que outros sejam impactados. Débora continua dizendo: “assim, se temos estudantes com dificuldades emocionais, é bastante provável que seu aprendizado fique prejudicado”, comenta.
No caso dos Transtornos Depressivos e de Ansiedade, por exemplo, sabemos que podem existir alterações na memória, na atenção, e nas nossas capacidades de organização, planejamento, entre outros. E o aprendizado depende disso tudo. “A presença das psicólogas nas escolas é fundamental, não tenho dúvidas. A questão é pensar nas melhores estratégias e metodologias para aproveitar ao máximo”, finaliza Débora.
A saúde mental na infância
Outro ponto levantado no estudo é de que 67% dos brasileiros acreditam que as crianças deveriam ser introduzidas em programas e recursos de bem-estar e saúde mental logo nos primeiros anos de vida escolar.
A professora e mãe de família, Olivia Begnalia, afirma que “é muito importante saber desenvolver questões como frustrações e o autoconhecimento desde a educação infantil, pois pode ser de grande benefício para as crianças”. Ela concorda que programas como esse podem ajudar a desenvolver habilidades sociais e emocionais, tanto nas crianças quanto com orientações para os pais.