Em um mundo cada vez mais digital, a busca por equilíbrio mental e físico se torna necessária para fugir dos impactos da hiperconectividade no cotidiano.
Eduardo Reymond
Entre 1990 e 2010 o mundo passou por uma rápida revolução tecnológica e digital, segundo o escritor Jonathan Haidt, “a nossa geração vive em um estado de constante conectividade”, nas atividades cotidianas, sem restrições ao ambiente físico, agora completamente imersas no digital. Filmes, bancos, documentos, trabalho, compras, e até interações sociais são mediadas por telas.
De acordo o estudo realizado pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), mais de 70% da população brasileira acessa a internet todos os dias. Esse fenômeno traz impactos nas relações pessoais, profissionais e culturais, com a possibilidade de criar uma sensação de imediatismo e pressão para estar sempre disponível e atualizado.
A universitária Thaís Albuquerque compartilha sua experiência com a hiperconectividade: “Me sinto sempre conectada para resolver alguma questão da faculdade, pedir favor para alguém ou simplesmente me distrair. Percebo minha mão indo para o celular, às vezes, involuntariamente.” Esse comportamento evidencia como a tecnologia, muitas vezes de maneira inconsciente, tem se tornado uma extensão do próprio corpo, refletindo a realidade em que o online e o mundo real estão se tornando a mesma coisa.
Impactos na saúde mental
A constante conexão traz consigo impactos negativos na saúde mental. Especialistas apontam que a hiperconectividade pode estar ligada ao aumento de transtornos como ansiedade, depressão e o famoso “burnout digital”. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que a exposição excessiva a redes sociais e ao trabalho online pode alterar a química cerebral, aumentando a predisposição a transtornos mentais, afetando principalmente o bem-estar psicológico das gerações mais jovens.
Para o psiquiatra Pedro Paulo, a constante imersão no ambiente digital pode, sim, ter efeitos devastadores sobre a saúde mental. “O vício no mundo digital pode influenciar o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade, devido à sobrecarga de informações e à incapacidade mental de estar sempre conectado”, explica o doutor. Esse processo de sobrecarga de informações prejudica a capacidade de descanso mental e emocional, essencial para o equilíbrio psicológico.
Esse cenário mostra a necessidade de se desconectar do mundo online de maneira até urgente. Informações do portal de notícias Vida Simples, indicam que as crianças estão brincando menos. Elas negligenciam atividades offline, como ler um livro, praticar esportes ou simplesmente meditar, sendo que essas poderiam trazer benefícios significativos para o equilíbrio emocional e reduzir o estresse. Desconectar-se não significa rejeitar a tecnologia, mas sim aprender a usá-la de forma consciente e equilibrada.
Mindfulness
Uma das práticas indicadas por terapeutas para lidar com a hiperconectividade é o mindfulness, ou “atenção plena”. O hospital israelita Albert Einstein explica que trata-se de uma técnica de meditação que ensina a estar plenamente presente no momento, sem distrações. Ao aplicar o mindfulness no dia a dia, é possível reduzir o estresse e aumentar a concentração, promovendo estabilidade mental.
A prática pode ser feita por meio de simples exercícios de respiração, por exemplo, ou ao prestar atenção nas pequenas atividades cotidianas, como comer ou caminhar. Prestando atenção em detalhes que talvez não seriam percebidos com as constantes distrações do online.
Sugestões para desconectar
Para desconectar do mundo online, a psicóloga Elizabete Eliandra defende alguns pontos: “é importante estabelecer limites, como definir horários específicos para o uso de dispositivos e reservar momentos para atividades da vida real”. Bem como a prática de mindfulness, por meio de meditação e exercícios de atenção plena, ajuda a reduzir a ansiedade associada ao uso excessivo da tecnologia.
Redescobrir hobbies offline, como ler, praticar esportes ou caminhar, também contribui para o bem-estar. Além disso, priorizar encontros presenciais com amigos e familiares fortalece as conexões emocionais e promove bem-estar.