Por que os furacões têm nomes de pessoas?

In Geral, Meio Ambiente

Furacões com nomes femininos matam mais do que furacões com nomes masculinos. 

Davi Sousa

O furacão Milton tocou o chão da costa leste dos Estados Unidos na noite do dia 09 de outubro, a princípio com força 3 acompanhado por ventos a 205 k/m segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês). Mas a pergunta que fica é: como esses furacões que devastaram cidades recebem seus nomes?

O costume de nomear furacões pode parecer estranho, mas essa prática é antiga e tem um propósito bastante funcional. Séculos atrás, os furacões eram batizados com nomes de santos, de acordo com o dia em que ocorriam. 

O furacão Santa Ana, que atingiu Porto Rico em 1825, e o furacão São Felipe, que passou por lá duas vezes, uma em 1876 e outra em 1928, são exemplos. Com o tempo, porém, esse sistema foi deixado de lado. No lugar dos santos, passaram a utilizar as coordenadas de latitude e longitude para identificar os furacões. Isso se mostrou ineficiente e confuso, tanto para os cientistas quanto para o público.

O problema com as coordenadas

Nomear furacões por suas coordenadas era complicado. As pessoas não conseguiam entender ou lembrar de números longos e confusos. Isso dificultava a comunicação entre meteorologistas, veículos de imprensa e a população. Quando as informações não eram transmitidas corretamente, as pessoas não se preparavam adequadamente para o furacão, o que aumentava os danos causados pelas tempestades.

Na década de 1940, os cientistas decidiram testar um novo método e começaram a nomear os furacões de acordo com o alfabeto fonético da OTAN, mas esse sistema também gerou confusão.

A adoção de nomes curtos e familiares

Foi em 1953 que o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos adotou uma lista de nomes próprios, inicialmente apenas femininos, para os furacões. A escolha de nomes curtos foi feita para facilitar a comunicação e reduzir o risco de erro. Só em 1979, nomes masculinos também foram incluídos. 

Hoje, existem seis listas de nomes que se revezam a cada ano e se repetem a cada seis anos, exceto quando um furacão causa muitos estragos ou mortes. Nesses casos, o nome é retirado da lista. O furacão Katrina, por exemplo, foi um dos nomes removidos depois da devastação em 2005, quando causou a morte de mais de 1.800 pessoas nos Estados Unidos.

A escolha dos nomes segue algumas regras que devem ser curtas, fáceis de pronunciar e, geralmente, estão em inglês, espanhol ou francês. As listas utilizam 21 letras do alfabeto, excluindo X, Y e Z por ser difícil encontrar seis nomes diferentes para essas letras. Quando a quantidade de furacões no ano ultrapassa o número de nomes disponíveis, o alfabeto grego é usado como lista suplementar.

Machismo afeta a mortalidade?

Um estudo realizado pela universidade de Illinois, publicado pela revista  Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAs), em 2014, revelou que furacões com nomes femininos causam mais mortes do que os masculinos. A diferença se destaca por negligência da população que não leva a sério tempestades com nomes femininos, resultando menor preparação da população.

Os pesquisadores da pesquisa fizeram um levantamento dos furacões que atingiram os EUA de 1950 a 2012, com exceção do Katrina que matou muito mais pessoas em comparação aos outros. Em média, cada furacão com nomes masculinos causa cerca de 15 mortes, mas em comparação os furacões com nomes femininos em média matam 42 pessoas. 

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