Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê aumento por mais dois meses.
Gabrielle Ramos
O preço dos ovos deve continuar a subir por mais dois meses no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), essa alta é comum no período pré e durante a quaresma, que ocorre em abril.
A ABPA informa que, nos últimos oito meses, o preço do principal insumo da ração para as galinhas, o milho, aumentou 30%. Além disso, os custos das embalagens dobraram no mesmo período. Esses fatores desencadearam o encarecimento da produção de ovos desde o ano passado.
Razões para o aumento
O preço dos ovos é influenciado por fatores de oferta e demanda. “Do lado da oferta temos o preço do milho que vem crescendo consistentemente, e impacta diretamente no custo da ração”, explica o economista Pedro Rafael Lopes.
Além desse fator, o economista explica que as temperaturas mais altas nesta época do ano reduzem a produtividade das aves e elevam os custos médios de produção.
Já em relação à demanda, tanto Pedro quanto a ABPA destacam o impacto sazonal da quaresma, período em que muitas pessoas substituem o consumo de carne por ovos. “Contudo, o que mais preocupa é a elevação do preço da carne, que desloca consumo da carne para o ovo, que é visto como um substituto”, ressalta o economista.
Impacto real
Liliane Ruella, empreendedora no ramo de doces e bolos, sentiu no bolso o aumento do preço dos ovos. “No meu caso em particular, além da alta no país, eu me mudei para uma cidade do interior onde a realidade dos valores dos insumos já é naturalmente mais alta”, explica.
Por causa dessa mudança de cenário, a empreendedora precisou aumentar o preço final dos produtos que vende, repassando esse custo para os clientes. Para tentar manter um custo baixo de produção, ela pesquisa de preço em diferentes fornecedores, tanto em lojas físicas quanto em lojas online.
Próximos meses
Embora o período da quaresma termine em breve, o que aliviará a pressão sazonal sobre os preços, o economista Pedro alerta que os valores devem continuar elevados. Entre os motivos estão a inflação e a possível desvalorização do real frente ao dólar, o que poderia encarecer ainda mais os insumos.
Outro fator de preocupação é o preço da carne, que segue alto, mantendo a demanda por ovos aquecida. No entanto, há uma perspectiva positiva para o custo do milho, que vai ter uma boa safra neste ano. Isso fará com que o custo da ração estabilize nos próximos meses.