O uso da suplementação sem acompanhamento pode prejudicar a saúde e os resultados esperados.
Nátaly Nunes
A popularização do consumo de suplementos alimentares está aumentando. A busca por resultados rápidos faz algumas pessoas criarem seus próprios treinos, seguir sua própria dieta e tomarem suplementos por conta própria, baseados em exemplos de amigos ou das redes sociais.
Na internet, vídeos ensinando a fazer “whey caseiro” estão fazendo sucesso. Com poucos ingredientes, as pessoas preparam a receita em busca de aumentar a quantidade de proteínas no seu organismo. O acesso ao whey também não é muito difícil, o que antes estava disponível apenas em lojas específicas de exercícios, agora pode ser encontrado nos corredores dos supermercados e farmácias.
O nutricionista Thiago Ferreira explica que os suplementos são uma estratégia para completar o déficit que a pessoa pode ter de macronutrientes como proteína, gordura e carboidrato, ou micronutrientes como as vitaminas. “Quando a pessoa não consegue ingerir determinado volume de proteína, volume alimentar, ela vai pra suplementação para bater essa quantia”, aponta.
O cuidado com as marcas
Daniel Aragão é advogado e decidiu mudar seu estilo de vida. Ele conta que os suplementos que fazem parte da sua rotina e auxiliam sua evolução, são baseados e pautados em consultas com nutricionista e pesquisas. “Quando estou sendo acompanhado por um profissional, sigo as indicações pela confiança. Por exemplo, já tive nutricionista que era patrocinado por uma marca então me fornecia os suplementos”, relata.
Como a busca por suplementos aumentou nos últimos anos, a fiscalização também ficou mais severa. Em 2024 o Ministério da Justiça e a Segurança Pública ordenou a suspensão das vendas de 48 marcas de whey protein por conta de fraude nos produtos e irregularidades no rótulo. Isso é feito pelas marcas para aumentar os lucros e consequentemente diminuir o valor de produção.
“Quando estou por conta própria, faço questão de pesquisar estudos que tragam laudos de quais marcas realmente seguem os critérios de qualidade e quais estão envolvidas em polêmicas por não respeitarem as diretrizes. Nesse universo, é fácil o barato sair caro”, completa o advogado.
A Anvisa disponibiliza em seu site uma ferramenta de consulta com os ingredientes autorizados e as regras para o uso de suplementos.
Popularidade na internet
O nutricionista apresenta que por um lado essa valorização da vida saudável nas redes sociais é muito boa, porém, pode ser perigosa. “Com a maior procura por suplementação e como não precisa de prescrição médica, ou de nutricionista, as pessoas têm fácil acesso. Ou seja, vê na internet e copia em casa”, comenta Thiago.
Nas redes sociais, diversos influenciadores fazem publicidade para marcas e incentivam seus seguidores a comprarem e se basearem apenas nas informações de quantidades indicadas na embalagem. Esse grande vínculo econômico entre marcas e influenciadores com muitos seguidores acaba desqualificando os profissionais.
Uma matéria feita pelo jornal The Washington Post revelou que dezenas de nutricionistas estavam sendo pagos para publicarem vídeos nas redes sociais promovendo o consumo de refrigerantes diet, aspartame e os suplementos.
Quando usar?
Para saber se é necessário o uso de suplementação, o nutricionista explica que é preciso seguir alguns passos. Primeiro, realizar exame de sangue para checar os níveis de nutrientes presentes no corpo, ver o que está faltando e se precisa ser suplementado.
Em seguida, avaliar a alimentação e saber o aporte calórico que a pessoa precisa ter baseado no peso na altura. Detalhes como treinos e o tipo de trabalho também influenciam para se ter uma noção do gasto calórico diário. “Em cima disso eu vou ver se precisa de suplementação e a quantidade de gramas por quilo”, pontua.