Quando o cuidado excessivo se torna uma armadilha.
Nicoly da Maia
No dia a dia, muitas pessoas colocam as necessidades dos outros antes da sua própria necessidade, um ato de empatia e solidariedade. No entanto, quando esse ato se torna rotineiro, pode ser um sinal da Síndrome de Wendy, que é caracterizada principalmente pelo constante sacrifício pessoal em prol dos outros. Mas o que seria a Síndrome de Wendy? Quais os sinais? Como tratar?
A principal característica da Síndrome de Wendy é a negligência que a pessoa demonstra sobre si, pois ela acredita que ao cuidar do outro ela poderá ser amada, que será merecedora de amor. Toda essa negligência consigo próprio existe por conta do receio de abandono, por busca de aceitação, como explicado pela psicóloga Laura Caron.
É importante ressaltar que a síndrome de Wendy não existe, não é um nome teórico, que se encontra em registros científicos ou em manuais psicológicos. Como esclarecido pela psicóloga a Síndrome se trata de uma “ abdicação de si mesmo em detrimento do outro, essa abdicação vem de decorrentes e consequentes crenças que ao longo da vida eu construo sobre mim mesmo; “
Como ela afeta a vida diária e os relacionamentos?
Ao longo do tempo o indivíduo poderá se sentir cada vez mais cansado no dia a dia pela falta de atitude, por não se manifestar, podendo causar ansiedade, depressão, pois quando sua vontade, opinião não é exposta, há acumulação desses sentimentos.
Uma pessoa que nunca se expressa, acaba não dando ao outro a oportunidade verdadeira de entender o que acontece com o indivíduo, e essa anulação constante sucede no desgaste das relações pessoais, como pontuado por Laura.
Quando uma viagem de avião é realizada, há um aviso antes da decolagem, indicando que em caso de despressurização da cabine, primeiro coloque a máscara de oxigênio em você. A profissional utiliza este exemplo para explicar que o indivíduo que possui essa priorização com o outro não obedeceria esse comando, o que acaba por resumir alguém que possui as crenças da síndrome de Wendy.
A aposentada de 80 anos, Maria Evanir Neto, mãe de doze filhos, explica um pouco sobre como houve em sua vida a necessidade em sua visão de se colocar em segundo plano para que pudesse oferecer uma melhor criação de vida aos seus filhos, “ como mãe, apenas priorizamos a vida dos filhos, acreditando que isso é o certo, porque apenas queremos ver eles bem para que também ficarmos bem; “
Evanir relata que hoje entende as consequências, que a negligência consigo mesma causou uma grande exaustão, o que pensou ser benéfico acabou por ser algo maléfico para si mesma e sua família.
A Partir de sua vivência, ela compreende que não há a necessidade de se anular para dar uma boa criação e para cuidar de quem amamos, que é importante se priorizar e respeitar suas necessidades e vontades para continuarmos bem para cuidar e amar os outros.
Como tratar a Síndrome de Wendy?
Algumas estratégias que podem ajudar essas pessoas a lidar com os desafios associados à síndrome, é não vincular seus atos ao resultado, entender que não há condições para o amor, e que não há a necessidade constante de realizar algo pela pessoa para ser aceito, é também se dar a oportunidade de contrariar, negar, de não fazer algo.
A psicóloga prossegue explicando que referente a ajuda familiar nessa questão, pode ser um pouco delicado, isso pois essa pessoa pode ter vindo de um ambiente familiar reforçador, onde esse era o padrão de tratamento, comportamento, porém no caso de uma família funcional, ela pode mostrar para o indivíduo que o comportamento dela de se anular constantemente, de se sobrecarregar e não se expor, é mais prejudicial do que benéfico.
O tratamento mais recomendado para essas pessoas, é o tratamento com profissionais da área da saúde mental. Algumas das técnicas utilizadas por psicólogos são a terapia cognitiva comportamental, reestruturação de crenças e protocolo para transtorno.