O Brasil será o primeiro país da América do Sul a implementar a TV 3.0, com transmissões previstas para 2026.
Felipe Torquato
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que oficializa a TV 3.0, nova geração da televisão aberta e gratuita do Brasil. Com este decreto, o Brasil será o primeiro país da América do Sul a avançar na implementação da tecnologia. A fase preparatória da TV 3.0 deve ser concluída ainda neste ano, com início previsto para 2026, na Copa do Mundo.
A transição para o novo modelo de TV aberta ocorrerá de maneira escalonada, começando por Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, e depois se estendendo a todo o país. A implementação será gradual, e segundo o governo, não exigirá a troca imediata de aparelhos.
A TV 3.0 integra a transmissão tradicional da televisão à internet, oferecendo uma experiência mais interativa e personalizada para a população. O secretário de Ciência e Tecnologia do município de João Pessoa, Guido Lemos, afirmou que a iniciativa surge como uma oportunidade para as emissoras de TV aberta reconquistarem parte do público migrado para os serviços de streaming nos últimos anos.
A analista de cultura pop Tati Aguiar destacou que, embora os serviços de streaming já façam parte do cotidiano, a televisão aberta mantém uma audiência maior. “A TV 3.0 surge com capacidade de unir a transmissão ao vivo e gratuita, com o conteúdo sob demanda, mas não elimina a necessidade do streaming.” relatou Tati.
Experiências imersivas
De acordo com o governo federal, através das novas possibilidades que a TV 3.0 está abrindo, as emissoras terão a oportunidade de ter um nível de interação maior com seu público por meio do controle remoto, possibilitando o uso de aplicativos que permitirão que os telespectadores interajam com parte da programação.
A novidade permitirá que as emissoras distribuam conteúdos adicionais como jogos e séries, também trará a possibilidade de o telespectador responder enquetes e escolher entre diferentes câmeras em reality shows ou jogos de futebol. Segundo o produtor de TV Ney Gomes, será possível ainda realizar compras online de maneira segura através da TV durante as transmissões.
O comunicador Erik Bonfante avalia que, com a nova proposta de interatividade da TV 3.0, o telespectador poderá acessar conteúdos extras e participar de programas em tempo real, como se a TV aberta ficasse mais próxima da internet, mas sem perder a essência de estar disponível para todo mundo. Destacou também que essa inovação é essencial para manter a TV relevante e competitiva na era digital.
Segundo o ministério das comunicações, esta futura fase da TV trará resolução 4K, podendo chegar a 8K quando conectada à internet. A atualização trará cores mais vivas e movimentos mais fluidos, ideais para esportes e filmes. Outra inovação é o som imersivo, semelhante à experiência de cinema. Os canais terão ícones semelhantes aos de plataformas de streaming, facilitando a navegação.
A TV 3.0 ao redor do mundo
Apesar de essa nova fase da televisão estar iniciando no Brasil agora, segundo a empresa de desenvolvimento de software TDSOFT, a TV 3.0, mais conhecida no exterior como NextGen TV, já vem sendo implementada em outros países, como a Coreia do Sul, que começou a utilizar a tecnologia em 2018, durante as Olimpíadas daquele ano.
No país asiático, a experiência foi muito além da qualidade de som e imagem. As emissoras exploraram a alta interatividade, apresentando informações complementares em tempo real, como estatísticas ao vivo, informações sobre os atletas e interações com redes sociais.
Os Estados Unidos é o principal país a adotar a tecnologia. Sua transição começou em 2020, e hoje oferece para a sua população uma imagem de 4K, grande melhoria na qualidade do som e opções interativas, como por exemplo, o acesso a diversas câmeras de um mesmo evento ao vivo.
No Japão, o grande diferencial foi o foco em acessibilidade, as emissoras japonesas estão utilizando da recente tecnologia para melhorar a experiência de pessoas com deficiência visual ou auditiva, com legendas em tempo real e narrações detalhadas sobre o que está sendo exibido na tela.
O governo brasileiro estima que o processo de implementação da TV 3.0 levará cerca de 15 anos para ser totalmente completo.
