O crescimento desordenado e a falta de estruturas básicas nos grandes centros, despertam a necessidade de mudança.
Milla Katherinne
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou a população do planeta, há pouco mais de um ano, sobre os impactos da degradação ambiental e sua relação direta com o bem-estar e qualidade de vida da população, principalmente das grandes cidades.
A relação do homem com a natureza está cada vez mais distante. O desmatamento, o calor extremo, enchentes, seca e queimadas são parte notável da Crise Climática, que não afeta apenas a fauna e flora, e hoje é a principal ameaça à saúde e ao bem-estar da humanidade.
A necessidade de um desenvolvimento urbano sustentável
Diego Costa, Diretor do Departamento de Vigilância Sanitária de Eunápolis-BA afirma que “o crescimento das cidades é um processo necessário e compreensível. Contudo, à medida que aumentam o crescimento das populações urbanas e os efeitos das mudanças climáticas, as administrações municipais precisam planejar suas cidades para os impactos decorrentes deste crescimento.”
A engenheira e membro da comissão de elaboração do Plano Diretor Municipal da cidade de Eunápolis-BA, Warribe Siqueira conta que “nas cidades, a degradação ambiental ocorre de diversos modos, desde o despejo ilegal de esgoto em corpos d’água, ao descarte irregular de resíduos sólidos e poluição do ar através da queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e até mesmo a utilização irregular de água subterrânea, e contaminação do solo.”
Como a falta de planejamento urbano afeta o bem-estar da população
A degradação ambiental nas grandes cidades afeta o bem-estar e a saúde das pessoas de vários setores; é o que apresenta Alana Santos, moradora da cidade de São Paulo, que vive na cidade há quatro anos e desde que chegou, sofre com problemas respiratórios como sinusite, em razão da poluição do ar. “Cada verão é mais quente que o outro, e com o número dos prédios subindo no meu bairro, a quantidade de árvores diminui cada vez mais”, relata.
“O sistema de esgoto está cada vez mais com problemas, e às vezes tenho a sensação que estou sendo sufocada pelo ar seco e a poeira dos prédios”, acrescenta a moradora.
O diretor Diego Costa acrescenta que “mudanças ambientais antropogênicas ameaçam de sobremaneira a saúde humana por causar escassez de água e alimentos, aumentar os riscos de desastres naturais, provocar o deslocamento de pessoas e aumentar o risco de ocorrência de alterações epidemiológicas e doenças infecciosas.”
“O desenvolvimento urbano desordenado e consequentemente não sustentável acaba desencadeando processos mais complexos como a exclusão política que fazem com que a população de renda mais baixa seja um dos grupos mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, como as inundações e deslizamentos vivenciados em muitas cidades brasileiras no final do ano 2021 e início de 2022”, afirma Diego.
Estratégias sustentáveis para as cidades
O crescimento desordenado dos grandes centros pode ser remediado através de estratégias que visam equilibrar a relação do homem com a natureza. Muitas destas soluções já existem nos planos diretores de algumas cidades. “A aplicação delas, que é o grande desafio”, acrescenta Warribe. Toda mudança começará a partir do incentivo de políticas públicas voltadas para sustentabilidade, como “criação de telhados verdes, utilização de energia solar e eólica, além do aumento da área permeável”, diz a engenheira.
Como forma de engajamento no combate à poluição da cidade onde vive, a moradora Alana conta que faz separação do lixo corretamente, já plantou uma árvore na cidade, e procura diminuir ao máximo o uso e descarte de plástico, através da utilização de sacolas retornáveis, evitando o descarte.
A engenheira Warribe dá sequência afirmando que “é necessário que a população tenha acesso ao conhecimento, e entenda os motivos que causam tanta destruição nas cidades, para que desta forma, possam trabalhar em comunidade, por uma vida urbana mais sustentável e de qualidade”.
Para que a situação do planeta comece a ser solucionada é necessário “identificar as diferentes necessidades das comunidades, por meio de processos de participação social, pode ajudar os governos a direcionar recursos, mobilizar ações de forma mais rápida e efetiva e construir a resiliência climática necessária”, conclui Diego.