House of the Dragon, série spin-off de Game of Thrones, quebra recordes de audiência em sua estreia.
Bruna Moledo
No domingo (21), foi lançado na HBO Max o primeiro episódio da série House of the Dragon. O show é derivado do famoso universo de Game of Thrones, e se passa 200 anos antes dos acontecimentos da série original. Sua estreia quebrou recordes de audiência e se tornou a maior do streaming, alcançando aproximadamente 10 milhões de pessoas. O lançamento superou o de outras produções famosas como Euphoria e Stranger Things, além de ficar em primeiro lugar na lista de mais assistidos da HBO. Os episódios serão lançados separadamente, a cada domingo, seguindo o formato que se popularizou recentemente.
Winter is coming, e vem para ficar
Cada vez mais streamings têm apostado na expansão de universos cinematográficos já existentes. Essa realidade fica nítida ao se analisar a quantidade de spin-offs, sequels e prequels que têm sido produzidos nos últimos anos. Um bom exemplo disso é a série citada na introdução da matéria, que tem sido um tópico extremamente comentado desde seu primeiro anúncio, quando causou comoção entre os fãs da produção original.
Entre adeptos das novidades e apoiadores já convictos, Luiz Paulo Júnior, grande fã da sequência original, explica não ter se sentido entusiasmado em relação à estreia de House of the Dragon. “Não fiquei animado, até porque quando eu crio essa expectativa normalmente me decepciono, como aconteceu com Thor: amor e trovão. Então não criei expectativas não”, comenta.
Apesar do sentimento ruim, Luiz ainda acredita que novos projetos têm sim a chance de serem ótimos, se não cruzar algumas fronteiras, é claro. “Depende muito de quem produz. Muitos lançamentos são bons e agregam valor à história original. Mas tudo tem um limite, quando se explora muito uma coisa pode-se ficar saturado. Às vezes as pessoas ultrapassam isso no uso da liberdade criativa, é algo bem perigoso de acontecer”, afirma. Além disso, o fã diz “que o maior problema é quando você lança uma coisa que não tem nada a ver, só leva o nome de marca já conhecida. É completamente aleatório, só colocam o nome para vender.”
A franquia de Game of Thrones é baseada nos livros do autor George R. R. Martin, que criou um extenso compilado de culturas, línguas e povos fantásticos. Suas narrativas fizeram história e movimentaram legiões de pessoas apaixonadas pelo enredo. E para o observador atento, é perceptível que a riqueza de detalhes das obras pode ser uma mina de ouro para os detentores dos direitos autorais. Fato esse que não representa apenas o mundo de gelo e fogo, mas outras narrativas famosas também.
“Precioso, meu precioso”
Outro spin-off muito aguardado tem por título Senhor dos Anéis: Os anéis de poder e chegou no dia 2 de setembro pela Amazon Prime. A saga da qual se origina é mundialmente conhecida e baseada nos livros do famoso escritor J. R. R. Tolkien.
Luigi Javaroni é fã e acompanha de perto todas as estreias, e enquanto muitos temem se decepcionar com a nova adaptação, ele se considera sortudo. “Eu fiquei extremamente feliz, já que a última adaptação foi O Hobbit e não teríamos outra histórias para ver. O próprio Tolkien pediu ao filho que não vendesse os direitos para qualquer um, especificamente ao Walt Disney, então, saber que vai ser uma empresa de streaming grande como a Amazon que vai produzir, me deixa mais seguro”, explica.
Confessa que não acha que será tão grandioso quanto a primeira trilogia, “porém, diferente de muitas séries, cada episódio de Anéis de Poder tem um custo comparado a grandes filmes, e aliás, passa do orçamento de Game Of Thrones.” E de fato, o dinheiro investido na criação de uma série de televisão pode ter grande impacto nos resultados. “Estou ansioso e com medo, como fã, quero ver as páginas na tela, mas medo de me decepcionar ou não entregarem o mesmo espírito dos livros”, declara.
Luigi ainda compara essa produção com outras que saíram recentemente e diz que, em sua opinião, só a Marvel conseguiu concluir uma expansão cinematográfica de porte tão grande assim. Além disso, acrescenta que a motivação dos produtores ao realizarem essas adaptações “é por ser uma aposta mais segura, sabem que já existe uma base de fãs de tal universo, eles já tem uma renda fixa, têm uma melhor noção de orçamento e lucratividade. Criar algo totalmente novo é um tiro no escuro que muitas vezes não encontra luz.”
“Me ajude Obi-Wan Kenobi. Você é a minha única esperança”
Muitas vezes, todas essas novidades podem causar estresse naqueles que estimam as obras originais, e preocupação em relação à linha do tempo. Para Sâmela Lima, Mestra em Linguagens, Mídia e Arte pela PUC-Campinas, no entanto, existe certo exagero na reação de algumas pessoas. “Agora, a gente pode também entrar no aspecto da cultura de fãs que tratam essas obras originais quase como uma narrativa sagrada, com aspectos que não podem ter nenhum tipo de inovação porque vai gerar algum tipo de prejuízo para aquela narrativa. Eu acho que novas obras agregam àquela narrativa original, mas sem necessariamente prejudicá-la”, relata.
Sâmela explica também que “na verdade é muito mais complexo você expandir um universo do que criar um novo, do ponto de vista narrativo. Não é simplesmente o fato de expandir, você está dando continuidade a uma nova história. Você tem que fazer com que essa história faça sentido em um universo que já existe.” Além disso, “a estratégia é não necessariamente trabalhar com a continuidade, algo bem linear, e sim com multiplicidade. Então, na verdade, vão surgindo pequenos universos ou pequenos mundos dentro desse universo expandindo”, afirma.
Assim como a Princesa Leia quando foi ajudada por Obi-Wan, os fãs de muitos universos cinematográficos famosos já podem respirar aliviados. A probabilidade de que filmes e séries baseados nessas histórias parem de ser produzidos é pequena. Segundo Sâmela, a tendência na verdade é que a prática aumente.