Isolamento obrigatório na pandemia do Covid-19 pode resultar em epidemia de saúde mental, principalmente em idosos.
Bruna Schaun
O coronavírus trouxe medo e insegurança para o mundo todo, tendo afetado o convívio entre muitas famílias foi afetado. O grupo dos idosos foi o que mais sofreu com esse fato por fazer parte do grupo de risco. Muitos foram privados de ter contato social com seus amigos e familiares para prevenir que fossem infectados. O que era para ser apenas duas semanas de afastamento para proteção da terceira idade, resultou em muitos casos de abandono afetivo permanente.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde 2012 as pessoas estão vivendo mais e o Brasil ganhou uma população de 4,8 milhões de idosos. Uma pesquisa longitudinal que já dura mais de oitenta anos, feita por pesquisadores de Harvard, mostra que para uma pessoa ter saúde e ser feliz, ela precisa de bons relacionamentos.
Acontece que com a tecnologia, as pessoas vêm se afastando cada vez mais e os idosos nem sempre conseguem acompanhar o ritmo tecnológico. Principalmente durante a pandemia, na qual o jeito de se comunicar era virtual para evitar a propagação do vírus da Covid, a terceira idade acabou ficando isolada.
Helia Schroeder Bahr teve que se manter distante de sua mãe Elma Schroeder por segurança. “Fizemos um isolamento de seis meses, sempre que pude fui visitá-la. Ela tem 90 anos e se sentiu muito sozinha, além de sentir muita saudade dos filhos”, conta.
Principais medos dos idosos
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – São Paulo, em parceria com a Bayer, descobriu os três principais medos que afligem os idosos. Em terceiro lugar está o medo de desenvolver doenças graves, em segundo lugar está o medo de perder a capacidade de se locomover ou de enxergar e em primeiro lugar, vem o medo da solidão.
O número de idosos em lares de longa permanência cresceu 33% desde 2012. Em 2020 o Brasil tinha 4,3 milhões de idosos vivendo sozinhos e a população idosa é a com maior número de suicídios no país.
Renata da Costa Fonseca é cuidadora de idosos há 23 anos e conta que, na maioria das vezes, as famílias fazem visitas rápidas e, por conta disso, ela fica responsável por cuidar do físico e emocional da pessoa idosa. “A maior necessidade emocional dos idosos é amor, alegria e atenção. Amo muito as pessoas a quem cuidei, sou grata a Deus pelo meu trabalho e percebo que levando amor e alegria as doenças deles regridem”, relata.
O portal Tua Saúde, explica que o sentimento de solidão aumenta os níveis de cortisol que o cérebro libera, pois sinaliza que o corpo está sob estresse. Além de causar pressão alta, alteração do açúcar no sangue, maior disposição para desenvolver câncer, estresse, ansiedade, depressão, insônia, dor nos músculos e articulações e maior chances de desenvolver dependência de medicamentos ou drogas.