Especialistas apontam que é importante fazer um treino aeróbico de 45 a 65 minutos, em pelo menos 3 ou 4 dias por semana.
Cristina Levano
Durante a gravidez as mulheres podem se sentir mais cansadas do que o normal ou com dor nas costas por carregar o peso da barriga, e esse pode parecer o momento perfeito para se sentar e relaxar. No entanto, a menos que tenha complicações, ficar sentada sem fazer nada não ajudará a aliviar a dor.
Pelo contrário, a Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia afirma que a gravidez pode ser o momento ideal para ser fisicamente ativo, mesmo que a gestante não se exercite há algum tempo ou não tenha o hábito.
Segundo a enfermeira obstetra Vivian Zorzim, atividade física não tem nenhuma contraindicação na gestação. Ela afirma que a gestante não é obrigada a ficar de repouso após o primeiro trimestre de sua gravidez, pois a atividade física neste período é importante e indicada para manter-se saudável.
Ações recomendadas
A March of Dimes é uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que trabalha para melhorar a saúde de mães e bebês. Ela afirma que a gravidez é uma fase da vida da mulher em que ocorrem inúmeras mudanças. Elas podem ser fisiológicas, físicas e funcionais, como varizes, cãibras e dores lombares, por conta do aumento de peso que acontece neste período.
A obstetra e ginecologista, Larissa Atala, afirma que a manutenção da atividade física durante a gestação diminui as chances de diabetes, reduz a dor lombar, a pressão alta na gestação e auxilia no controle de peso. Além disso, segundo o Fetalmed, o exercício pode ajudar a evitar a depressão durante a gestação.
Muitas mulheres grávidas param de fazer exercício no primeiro trimestre por ter medo de sofrer um aborto, mas esse é um pensamento que deve ser desmistificado. A obstetra afirma que não existe estudos que mostrem um aumento da chances de aborto por atividade física. Por isso, o mais indicado é buscar orientações médicas específicas para cada caso.
Em relação ao tipo de exercício, os especialistas apontam que é importante combinar treinos aeróbicos com o de musculação. Modalidades como pilates ou ioga, também são frequentemente recomendadas nesse período, já que ajudam na saúde mental e na redução da dor.
Ainda assim, existem alguns casos em que os médicos indicam o repouso para pacientes com maior chance de trabalho de parto prematuro. A obstetra afirma que normalmente prescreve restrição para pacientes que têm sangramento no final da gestação. “Dependendo da causa desse sangramento, não é um fator mandatório”, explica.
Entre as atividades físicas não recomendadas pelos especialistas, estão aquelas que podem apresentar risco de queda, lesões ou pancadas na região do abdômen, tais como: esqui, artes marciais, patinação e mergulho. Exercícios que podem danificar o assoalho pélvico também devem ser evitados, como handebol, futebol americano e polo aquático.
Intensidade
Em qualquer caso, a intensidade deve ser moderada e ajustada para cada mulher. Esse ajuste não acontece apenas a cada trimestre de gravidez, existem muitos fatores que têm que ser considerados, como o período da gravidez em que começou a se exercitar e o histórico da paciente.
Vivian Zorzim diz que o mais recomendado para uma gestante que não apresenta contraindicações é praticar atividades físicas moderadas. Isso significa, no mínimo, 150 minutos de exercícios semanais, divididos da maneira que seja melhor para a gestante. Para quem já praticava atividades físicas e quer realizar exercícios de musculação ou até mesmo crossfit, a gestante pode realizar até 75 minutos de exercício rigoroso durante a semana.
O personal de gestantes, Roberto Dias, afirma que não há necessariamente a necessidade de reduzir a intensidade à medida que a gravidez avança. Se a gestante se encontra em condições normais e continua se exercitando, “esse corpo ganha condicionamento, ganha força, ganha resistência muscular, a capacidade aeróbica e a sua respiração também melhora”, comenta.
No entanto, é importante ouvir o seu corpo e o seu médico. Roberto recomenda sempre ter uma prescrição de exercícios prévios e se consultar com um especialista previamente. “A gravidez de cada pessoa é individual, então para saber exatamente como adaptar o treino a cada mês, é necessário buscar orientações médicas”, declara Roberto.